quinta-feira, 8 de maio de 2008

Vida

José Saramago (1922 - ?)

  • José Saramago, neto de avós camponeses, nasceu a 16 de Novembro de 1922, na aldeia da Azinhaga, pertencente ao concelho da Golegã.
  • Por volta dos dois anos de idade, emigrou para Lisboa, cidade onde decorreu grande parte da sua vida, sem nunca ter cortado as ligações a Azinhaga, onde se deslocou com grande frequência.
  • Concluiu o ensino secundário, tendo frequentado o ensino liceal e técnico, mas não prosseguiu os estudos por dificuldades económicas.
  • A sua primeira ocupação profissional foi a serralharia mecânica, seguindo-se a de desenhador, a saúde e a previdência social (enquanto simples funcionário), a de tradutor, editor e jornalista.
  • Trabalhou durante doze anos numa editora, onde se destacou enquanto director literário e de produção.
  • Colaborou com a publicação Seara Nova na qualidade de crítico literário.
  • No início da década de 70, esteve integrado na redacção do Diário de Lisboa, onde foi comentador político.
  • Entre Abril e Novembro de 1975, foi director-adjunto do Diário de Notícias.
  • Profundamente audodidacta, adquiriu um vasto conjunto de saberes (literários, históricos, filosóficos...), apesar da ausência de estudos superiores.
  • A partir da segunda metade da década de 70 (1976), passou a viver, exclusivamente, do seu trabalho literário: primeiro como tradutor, depois como autor.
  • Fez parte da direcção da Associação Portuguesa de Escritores.
  • Entre 1985 e 1994, presidiu à Assembleia-geral da Sociedade Portuguesa de Autores.
  • No que diz respeito a prémios literários, em 1993, foi galardoado com o Prémio Vida Literária, atribuído pela APE, e, em 1995, com o Prémio Camões. Em 1999, foi-lhe atribuído o doutoramento honoris causa pela Universidade de Nottingham (Inglaterra); em 2000, pela Universidade de Santiago do Chile; em 2004, pela Universidade de Coimbra.
  • Desde 1985, é comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada; a partir de 1991, foi ordenado cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras Francesas.
  • Na década de 90, envolveu-se numa polémica com Sousa Lara, membro do governo de Cavaco Silva na área da Cultura, a propósito da candidatura do romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, recusada por aquele, baseado em argumentos de cariz religioso.
  • Em Fevereiro de 1993, na sequência do seu diferendo com Sousa Lara, passou a ter residência na ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias, Espanha, onde ainda hoje reside, na companhia da esposa, de origem espanhola - Pilar del Rio -, uma jornalista;
  • Em 1998, foi objecto da maior distinção concedida a um escritor: recebeu o Prémio Nobel da Literatura;
  • A sua vasta obra, concebida num período de cerca de trinta anos, encontra-se traduzida em diversas línguas, tendo sido (e continuando a ser) objecto de vários estudos académicos. Actualmente, em Portugal, o romance Memorial do Convento faz parte do leque de obras de leitura obrigatória do programa de Português do décimo segundo ano.

Obra

1. Romance

  • Terra do Pecado (1947) - 1.ª obra;
  • Manual de Pintura e Caligrafia (1977);
  • Levantado do Chão (1980);
  • Memorial do Convento (1982);
  • O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984);
  • A Jangada de Pedra (1986);
  • História do Cerco de Lisboa (1989);
  • O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991);
  • Ensaio sobre a Cegueira (1995);
  • Todos os Nomes (1997);
  • A Caverna (2000);
  • O Homem Duplicado (2002);
  • Ensaio sobre a Lucidez (2004);
  • As Intermitências da Morte (2005).
2. Poesia

  • Os Poemas Possíveis (1966);
  • Provavelmente Alegria (1970);
  • O Ano de 1993 (1975).
3. Teatro

  • A Noite (1979);
  • Que Farei com Este Livro? (1980);
  • Dom Giovani, ou o Dissoluto Absolvido (2005).

4. Crónica, Ensaio, Memória

  • Deste Mundo e do Outro (1971);
  • A Bagagem do Viajante (1973);
  • A Estátua e a Pedra (1966);
  • As Pequenas Memórias (2006).

5. Conto

  • Objecto Quase (1978);
  • O Conto da Ilha Desconhecida (1997);
  • A Maior Flor do Mundo (2001).

6. Diário

  • Cadernos de Lanzarote - I (1994);
  • Cadernos de Lanzarote - II (1995);
  • Cadernos de Lanzarote - III (1996);
  • Cadernos de Lanzarote - IV (1997);
  • Cadernos de Lanzarote - V (1998).

7. Viagens

  • Viagem a Portugal (1981).

Análise da Obra

1. Autor:

1.1. Vida

1.2. Obra

2. Contexto.

3. Influências

4. Acção:


5. Personagens:

6. Tempo

7. Espaço

8. Simbologia

9. Materiais:

10. Canções de Intervenção:

"Os Vampiros"

Zeca Afonso (1963)

PLAY

A letra deste poema cantado por José "Zeca" Afonso tem uma fortíssima carga metafórica, como não podia deixar de ser no auge do Salazarismo, do lápis azul e da PIDE.

De facto, parece claro que a referência aos vampiros se refere à polícia política do regime e a todos quantos, quais Vicentes, a troco de favores ou recompensas de vária ordem, denunciavam aqueles que ao dito regime se opunham.

Os vampiros são apresentados, no poema, como os seres que, às escondidas ("Pela noite calada") e disfarçadamente ("Com pés veludo"), surgem subrepticia e inesperadamente em qualquer lugar e momento ("Poisam nos prédios / Poisam nas calçadas"). Todas as pessoas que se deixam amedrontar pela sua presença e pelo seu aspecto ("Se alguém se engana / Com seu ar sisudo / E lhes franqueia / As portas à chegada") e lhes franqueiam as portas, vêem o seu sangue chupado, isto é, perdem a vida (sangue = elemento vital = vida).

Os vampiros têm a protecção e agem a mando do poder ("Dançam a ronda / No pinhal do rei") e geram o terror, semeando violência, opressão, injustiça ("No chão do medo / Tombam os vencidos / Ouvem-se os gritos / Na noite abafada / Jazem nos fossos / Vítimas dum credo"). O ambiente, de facto, era «abafado», isto é, opressivo. E os vampiros lançam-se sobre as suas vítimas de forma inexorável e incessante (observar a metáfora "O sangue da manada"), conservando a sua vida, tal como o animal mítico do cinema, à custa da vida dos outros.