domingo, 2 de maio de 2010

Sousa Falcão

António Sousa Falcão é o inseparável amigo de todas as horas de Gomes Freire, sendo-lhe totalmente fiel e leal.
Admirador profundo do general, com ele partilhou sonhos e ideais, no entanto não possui a coragem, a determinação, a combatividade e a força interior do casal. Só no final da peça deixa transparecer a raiva e o desespero reprimidos durante muito tempo, quando D. Miguel o acusa de ser amigo de um traidor: «Cão! Covarde! Assassino! (pág. 119). Solidário, manifesta constantemente o seu apoio incondicional a Matilde, sofrendo juntamente com ela e mostrando-se angustiado e desiludido com a condenação do general.
No final da peça, vive uma crise interior, motivada pela condenação do general, o que o leva a efectuar uma introspecção e a concluir, desiludido, que nem sempre actuou segundo os seus ideais; foi um fraco e cobarde, pois faltou-lhe coragem para agir (contrariamente a Gomes Freire, apesar de defenderem os mesmos ideais de liberdade e justiça) - a própria postura («ombros caídos e braços pendentes» - pág. 87) reflecte a sua fraqueza interior. Todavia, o reconhecimento da sua fraqueza proporciona-lhe alguma paz interior.
Em suma, a figura de Sousa Falcão representa a impotência perante a prepotência e o despotismo no poder.