segunda-feira, 30 de novembro de 2009

If You Were a Sailboat - Katie Melua

sábado, 28 de novembro de 2009

Bertrand Russel (1872-1970)


«O problema do mundo de hoje é que os estúpidos só têm certezas e os inteligentes estão cheios de dúvidas.»

Aula 22

. Análise do poema "As rosas amo dos jardins de Adónis":
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-----. Tema: a efemeridade da vida.
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-----. Estrutura interna
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-----1.ª parte (v. 1 - v. 8) - a brevidade de vida:
----------» o sujeito poético ama as rosas do jardim de Adónis;
----------» as rosas:
---------------. têm vida curta (nascem no início e morrem no fim do dia);
---------------. simbolizam a brevidade / fugacidade da vida;
---------------. simbolizam a alegria, a felicidade e a beleza efémeras;
----------» a luz e o sol representam o dia, a vida;
----------» a noite simboliza a morte;
----------» ao amar as rosas, o sujeito poético assume o desejo de um presente perpétuo, imutável, uma ilusão de eternidade ("A luz para elas é eterna").
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-----2.ª parte (v. 9 - v. 12) - Proposta de uma filosofia de vida:
----------» o sujeito poético incentiva a sua amada, Lídia, a, juntos, serem como as rosas de Adónis:
---------------. viver o dia presente como se ele fosse a vida toda;
---------------. ignorar voluntariamente o antes, isto é, o passado ("noite antes") e o depois, isto é, o futuro ("e após");
----------» causas:
---------------. a consciência da brevidade da vida;
---------------. a necessidade de aceitar a morte, de modo a evitar a dor e a angústia de nos sabermos efémeros (como as rosas de Adónis).
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-----. Características clássicas:
--------» o uso de personagens da mitologia clássica (Adónis, Apolo) e do onomástico (isto é, nome próprio) latino Lídia (recorrente nos poemas de Ricardo Reis);
--------» o uso de latinismos lexicais (ou palavras eruditas), como «volucres» ("voadoras", mas no poema com o sentido metafórico de «passageiras», «efémeras») e «inscientes»;
--------» o uso de latinismo sintácticos, como os hipérbatos (consistem na inversão da ordem natural daqs palavras na frase), por exemplo, nos quatro versos iniciais e nos quatro finais do poema - a ordem normal seria a seguinte: «Lídia, amo as rosas dos jardins de Adónis, amo essas rosas volucresm, que morrem em o dia em que nascem»; «Lída, façamos assim a nossa vida, o pouco que duramos, um dia, voluntariamente inscientes que há noite antes e após»;
--------» o uso das “rosas” como realidades naturais, símbolo da beleza delicada, da alegria e da felicidade, tomadas como termo analógico da felicidade a que o sujeito poético aspira, segundo o ideal do «carpe diem». De notar que a palavra “rosa” aparece muitas vezes nos poteas líricos latinos, sobretudo em Horácio e Virgílio;
--------» o pendor (tendência) realista, tão do agrado dos clássicos, que consiste em partir da natureza (rosas, sol), para caracterização do estado da alma, facto que aqui acontece por meio de analogias (semelhanças);
--------» o princípio epicurista e horaciano do «carpe diem»;
--------» o tema da efemeridade da vida.

. A coesão referencial.

. Ficha de trabalho sobre a coesão.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Caeiro, o «Mestre»

-----De acordo com a carta sobre a génese dos heterónimos, escrita por Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, Caeiro é o «mestre» dos restantes heterónimos e do próprio ortónimo: «... aparecera em mim o meu mestre.».
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-----Porquê o mestre? Desde logo, porque Caeiro é aquilo que Pessoa não conseguia ser, isto é, alguém que não procura qualquer sentido para a vida ou o universo, porque lhe basta aquilo que vê e sente em cada momento. De facto, Alberto Caeiro defende um conceito de VIDA que vai de encontro a esse ideal e que é marcado pelos seguintes traços:
  1. Sensacionismo: vive esclusivamente de sensações; sente sem pensar;
  2. Aceitação serena do mundo e da realidade;
  3. Poeta do real objectivo;
  4. Olhar ingénuo sobre o mundo.

Poesia de Caeiro


Aula 20

. Elaboração de um quadro de síntese das marcas temáticas e estilísticas de Caeiro.

. Análise crítica da frase «... aparecera em mim o meu mestre.

. Leitura do poema "As rosas amo dos jardins de Adónis".

. Leitura, análise e esquematização do texto informativo da p. 69.

. Leitura das entradas da pág. 76.

. Correcção da ficha de trabalho sobre a coesão referencial.

. Apresentação da matriz do teste de avaliação.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Aula 19

. Análise e esquematização dos textos alusivos ao Modernismo
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-----Definição de Modernismo: «Entende-se por Modernismo um movimento estético em que a literatura surge associada às artes plásticas e por elas influenciada, empreendido pela geração de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, sob o influxo da arte e da literatura mais avançadas na Europa, ou em uníssono com elas. Este movimento brota no segundo decénio do século XX, na sequência do Simbolismo (Camilo Pessanha) e do Saudosismo (Teixeira de Pascoaes).» (Jacinto do Prado Coelho, in Dicionário da Literatura).
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-----Delimitação:

  • 1.ª perspectiva: desde finais do século XIX (cerca de 1890) até depois da Segunda Guerra Mundial, mesmo até finais dos anos 50 - Pós-Modernismo);
  • 2.ª perspectiva: das vésperas da Primeira Guerra Mundial até à Segunda Guerra Mundial.
-----Génese - Textos que estiveram na origem do Modernismo português:
-----» Artigos publicados por Fernando Pessoa na revista "A Águia": «A Nova Poesia Portuguesa sociologicamente considerada» e «A Nova Poesia Portuguesa no seu aspecto psicológico»;
-----» Textos de Mário de Sá-Carneiro:
----------. primeiro livro de contos - Princípio -, em Outubro de 1912;
----------. composição do poema "Dispersão", entre Fevereiro e Maio de 1913;
----------. composição da novela O Homem dos Sonhos, em Março de 1913;
----------. composição da novela O Fixador de Instantes, em Julho de 1913;
----------. composição da novela Mistério, em Agosto de 1913;
----------. A Confissão de Lúcio, em Setembro de 1913.
-----» Outros textos de Fernando Pessoa:
----------. Na Floresta do Alheamento (1913);
----------. O Marinheiro (1913);
----------. poema «Pauis» (Fevereiro de 1914), que assinala a estreia poética de Pessoa e a ruptura com o saudosismo e que dá origem à primeira corrente cosmopolita e modernista chamada «Paulismo», ainda que efémera.
-----» Lançamento da revista Orpheu (2 números), em 1915, concretizando-se assim um projecto inicialmente pensado por Luís de Montalvor, ao regressar do Brasil.

. Análise do poema XXXVI:
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-----. Tema: a negação e crítica à poesia artificial e mecânica.
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-----. Desenvolvimento:
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-----O sujeito poético começa por se referir ironicamente a um «tipo» de poetas: aqueles que «não sabem florir», expressando um misto de espanto e tristeza ("Que triste não saber florir!") perante esses mesmos poetas que trabalham nos seus versos como os artífices (carpinteiros e trolhas) trabalham nas suas obras: polindo, ajustando, fazendo, desfazendo, refazendo. Ou seja, o sujeito poético critica a poesia mecânica e artificial que está aqui em causa.
-----Ora, por oposição a essa forma de criar poesia, ele defende a espontaneidade e a simplicidade do acto poético , que deve resultar da «imitação» da / da identificação com a Natureza, pela sua beleza e constante novidade, resultante de ser sempre igual.
-----E mesmo reconhecendo a impossibilidade de compreensão entre ele e as flores, o sujeito sabe que em ambos mora a verdade e que há uma "comum divindade" que lhes permite usufruir dos encantos da Terra, das "Estações contentes" e dos cânticos do vento (aqui reside o panteísmo sensualista e o sensacionismo puro da poesia de Caeiro). Para que isto suceda, deve evitar-se a abstracção do pensamento e privilegiar uma relação natural, espontânea ("como quem respira" com a "única casa artística" que é a "Terra toda").
-----Em suma, a poesia deve ser tão espontânea e natural como o acto de respirar ou de florir.

. Correcção do teste de avaliação.

. Chamada de atenção para alguns dos erros detectados e mais frequentes.

Aula 18

. Breve análise do poema V de O Guardador de Rebanhos:
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-----Ideias centrais:
  • A recusa do pensamento, da metafísica, do sentido oculto das coisas (= doença) ("Há metafísica bastante em não pensar em nada. / O que pensou eu do Mundo? / Sei lá o que penso do Mundo! / Se eu adoecesse pensaria nisso."; Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores...?");
  • A aceitação do Mundo tal qual ele é e que só se conhece através das sensações, que «tudo ensinam» e que nenhum mistério encerram;
  • A recusa da noção do Deus transcendente, invisível, impalpável, misterioso ("Não acredito em Deus porque nunca o vi."). Pelo contrário, Cadeiro aceita o Deus que está visível nas «coisas» da Natureza ("Mas se Deus é as flores e as árvores / (...) Então acredito nele a toda a hora (...)"), o que remete para os conceitos de paganismo e de panteísmo.
. Correcção da ficha de trabalho sobre coesão.

. Observação de textos informativos sobre o Modernismo.

. Entrega e correcção do teste escrito de avaliação.

Coesão textual

domingo, 22 de novembro de 2009

Aula 16

. Análise do poema IX de O Guardador de Rebanhos:
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-----Entre os versos 1 e 8 (1.ª parte), o sujeito poético associa os seus pensamentos ao rebanho e às sensações. Com isto, quer significar que recusa o pensamento, reduzindo-o a "sentir" com os sentidos. Só lhe interessa vivenciar o mundo que capta através das sensações: «pensar é não compreender». Tal como afirma no poema I, o pensamento gera infelicidade, daí a sua recusa. Tomando como exemplo os elementos da Natureza - flores e frutos -, assegura que os sentidos são o veículo prioritário para se relacionar e apreender o mundo: uma flor não se pensa, cheira-se; um fruto não tem sentido, tem sabor. O verbo «saber» tem aqui um duplo significado: por um lado, o fruto sabe àquilo que é; por outro, esse sabor transmite um saber, que é adquirido através dos sentidos. Assim se alcança a verdade, a que reside na Natureza.
-----A própria enumeração dos sentidos não é inocente: o sujeito privilegia a visão, depois a audição, o tacto e o olfacto, por último o gosto.
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-----Entre os versos 9 e 14 (2.ª parte), o sujeito poético declara aceitar alegremente a dor quando ela provém de um excesso natural e encontra na Natureza o seu bálsamo: «E me deito ao comprido na erva, / E fecho os olhos quentes, / Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, / Sei a verdade e sou feliz.». Alguma tristeza que transparece é resultante do excesso de sensações, mas é nestas e na comunhão com a Natureza que residem a realidade e a felicidade. Afinal, as coisas não têm significado, têm existência.
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-----Como é visível na maioria dos seus poemas, a poesia de Caeiro caracteriza-se pela irregularidade a nível estrófico, da métrica, da rima (versos brancos ou soltos) e do ritmo, geralmente binário, lento e longo, de acordo com o fluir da Natureza, que nunca tem pressa.

. A coesão textual.

Aula 15

. Conclusão da análise do poema I de O Guardador de Rebanhos.
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-----O sujeito poético começa por se declarar pastor por metáfora ("Eu nunca guardei rebanhos (...) / Mas é como se os guardasse..."). De facto, não é pastor, mas comporta-se como se o fosse, isto é, há uma parte de si que se comporta como tal: a alma, que é íntima da Natureza ("Conhece o sol e o vento..."). Com efeito, o sujeito poético estabelece com a Natureza uma relação de simbiose que se manifesta na forma como "conhece" os seus elementos e se liga a eles ("E anda pela mão das Estações...").
-----De pastor, o sujeito poético tem, à semelhança de Cesário Verde, o deambulismo, o andar constantemente e sem destino, contemplando a Natureza, concentrado numa actividade suprema: olhar ("E anda pela mão das Estações / A seguir e a olhar."). Esse contacto íntimo com a Natureza traz-lhe "toda a paz" e solidão que a ausência de "gente" faculta.
-----No entanto, no verso 9, o sujeito poético confessa-se «triste». Essa tristeza é causada pelo fim do dia, pelo pô-do-sol, ou seja, com a chegada da noite, ele ver-se-á praticamente impossibilitado de ver o que se passa em seu redor e a Natureza.
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-----A segunda estrofe identifica a «tristeza» com sossego. De facto, a tristeza é tranquila porque contém em si a naturalidade das coisas simples. No fundo, está aqui em destaque um traço característico da poesia de Caeiro: a aceitação do real tal como ele se apresenta, sem interferência do pensamento.
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-----Na terceira e na quarta estrofes, o sujeito poético sugere que a recusa do pensamento é a via para alcançar a paz e a felicidade. Os pensamentos surgem ruidosamente ("Com um ruído de chocalhos...") e ele tem pensa que sejam contentes, pois, "se o não soubesse", seria completamente feliz; assim é paradoxalmente "contente" e "triste", sendo que a tristeza lhe advém da consciência de saber = pensar. E tudo porque «pensar incomoda como andar à chuva», ou seja, o pensamento gera infelicidade.
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. Exercício de análise textual (p. 54 do manual).

. Ficha de trabalho sobre a coesão textual.

Origem dos heterónimos


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vertentes da poesia de Pessoa

-----Fernando Pessoa assimilou o passado literário do povo português e, simultaneamente, reflectiu na sua poesia as grandes inquietações humanas do primeiro quartel do século XX.
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1. Vertente tradicional:
-----. composições marcadas pelo desencanto e pela melancolia (Cancioneiro) e que seguem na
-----. continuidade do lirismo português:
----------» uso da redondilha;
----------» uso do verso decassilábico;
----------» uso do verso curto (2 a 7 sílabas);
----------» uso da quadra, da quintilha e do soneto;
----------» gosto pelo popular: as referências ao mundo fantástico da infância, aos contos de fadas, às cantigas de embalar, à ama, etc.;
----------» recurso a linguagem simples, íntima e sóbria.
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2. Vertente modernista:
-----. ruptura com as práticas literárias, concretizadas nos
-----. heterónimos e no
-----. ortónimo e nos «ismos» que criou (Simbolismo, Paulismo e Interseccionismo);
-----. culto do vago, do subtil e do complexo;
-----. expressão do musical e subtil, do frio, do tédio e dos anseios de alma;
-----. não inclulcar normas de comportamento.

sábado, 14 de novembro de 2009

Profs... a culpa é deles!

-----Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou o ensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode ser deles, aliás. Os alunos estão lá a contragosto, por isso não contam. O ministério muda quase todos os anos, por isso conta ainda menos. Os únicos que se mantêm tempo suficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vão conseguindo escapar com vida.
-----É evidente que a culpa é deles. E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é uma acusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam os professores. Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas que escolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão ser colocados no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou de qualquer um dos seus familiares.
-----O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se eles possuíssem algum tipo de sabedoria, tê-ia-iam usado em proveito próprio. É sensato entregar a educação dos nossos filhos a pessoas com esta capacidade de discernimento? Parece-me claro que não. A menos que não se trate de falta de juízo, mas sim de amor ao sofrimento. O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta por passar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro e a ensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater. Sem nenhum desprimor para com as depravações sexuais - até porque sofro de quase todas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivar este contacto entre crianças e adultos masoquistas.
-----Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão.
-----Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo de escola S/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agora há os professores masoquistas, que são espancados por eles. Tomando sempre novas qualidades, este mundo. Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povo cigano. Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bem das escaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iam pedir explicações a estes professores. Um cigano em cada escola é a minha proposta.
-----Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menos esperança. Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem, claramente, não está preparada para o mundo.
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Ricardo Araújo Pereira, in Opinião, Boca do Inferno, Revista Visão

Gramática

. Concordância sujeito - verbo

. Protótipos textuais

. Valor dos modos e tempos verbais

. Coesão textual.

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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Aula 17

. Análise do poema XXVIII:
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-----O poema parte de uma «acção» praticada pelo sujeito poético - leitura incompleta de duas páginas de um livro de «um poeta místico», que lhe suscita uma reacção paradoxal: riso ou pranto. Desde logo, o facto de ter lido «quase» «duas páginas» significa que a leitura lhe desagradou, o que é «confirmado» pela comparação e antítese do verso 3, que sugerem os tais estados de espírito opostos. De facto, o sujeito poético não sabe se há-de rir ou chorar, pois não «consegue decidir-se» se o poeta místico é merecedor de escárnio (riso) ou de piedade (choro). Lendo o primeiro dístico, concluímos que os poetas místicos são doentes, são loucos, o que afirma uma das ideias-chave da poesia de Caeiro: a recusa do pensamento e do mistério das coisas, do misticismo, considerado(s) doença.
-----A conjunção subordinativa causas que inicia a 3.ª estrofe («porque») remete para as causas, as razões que levam o sujeito poético a agir daquela forma: os poetas místicos atribuem segundos sentidos às «coisas», à Natureza, algo que ele rejeita, como é visível a partir do verso 9 e da conjunção coordenativa adversativa «mas» e das conjunções condicionais «se» que se lhe seguem, elementos de que se socorre para demonstrar que os elementos naturais são unicamente aquilo que os sentidos apreendem e lhe transmitem. De facto, para o sujeito poético, a realidade é constituída por aquilo que os sentidos captam, isto é, a Natureza é apenas aquilo que vemos, ouvimos, cheiramos, sem qualquer intervenção do pensamento. Esta é a verdade. Quando nos parece que existe algo mais para além daquilo que os sentidos captam, estamos perante «falsos pensamentos», perante uma «mentira» que «está em nós».
-----Na última estrofe, o sujeito poético retorna à sua pessoa para expressar o seu contentamento por não ser como "os poetas místicos", pois a sua «compreensão» da Natureza está limitada àquilo que vê ("... compreendo a Natureza por fora; / E não a compreendo por dentro..."). Este conceito reflecte-se nas (supostas) simplicidade e espontaneidade da sua poesia que, de tão natural e ausente de artifícios poéticos, se aproxima da prosa ("Por mim, escrevo a prosa dos meus versos...").
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. Correcção de uma ficha de trabalho.
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. Resolução da actividade da página 62 do manual.
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. Resolução, para os alunos que terminaram a actividade anterior entretanto, da ficha de trabalho sobre a coesão interfrásica.

TEXTOS INFORMATIVOS - MODERNISMO
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TAREFA:
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-----1) Ler os textos;
-----2) Fazer a sua síntese, por tópicos, de acordo com os itens:
----------1. Definição de Modernismo;
----------2. Delimitação periodológica;
----------3. Antecedentes do Modernismo.
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TEXTO 1
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-----«Tentemos, na sequência do que ficou dito, fixar algumas balizas cronológicas que demarcam o tempo histórico-literário do Modernismo. Numa perspectiva de largo alcance, pode dizer-se que o Modernismo se estende desde finais do século XIX (cerca de 1890, segundo alguns autores), até depois da 2.ª guerra mundial, mesmo até ao final dos anos 50, quando vão aflrando teorias e práticas culturais classificadas como pós-modernistas; numa perspectiva mais restrita, o Modernismo estende-se das vésperas da primeira guerra mundial até à segunda guerra mundial, sendo que os anos 20 e 30 são o seu tempo mais fecundo. Em Portugal, o aparecimento e a maturação do Modernismo relacionam-se com a relevância cultural assumida por algumas revistas e naturalmente pelos autores que nelas colaboram; os marcos decisivos da afirmação modernista são constituídos, em 1915, pelos dois números da revista Orpheu (um terceiro, já em provas, acabou por não vir a público). A par desta, outras revistas servem de lugar de manifestação literária e doutrinária do Modernismo português: Centauro e Exílio (1916), Contemporânea (1922 - 1926) e Athena (1924 - 1925); entre 1927 e 1940 publica-se a revista Presença, que não só faz ecoar o legado cultural da chamada Geração de Orpheu como, segundo alguns autores, pode ser considerada o órgão cultural de um segundo Modernismo português.»
Carlos Reis, in O Conhecimento da Literatura (pp. 455-456)
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TEXTO 2
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-----«Pode dizer-se que os artigos publicados por Fernando Pessoa, na revista A Águia em 1912, intitulados «A Nova Poesia Portuguesa sociologicamente considerada» e «A Nova Poesia Portuguesa no seu aspecto psicológico», foram a primeira manifestação pública - embora não publicamente assumida enquanto tal - sintomática de que algo iria mudar radicalmente no panorama das letras nacionais. Nestes hábeis enasaios, em que parece referir-se só ao Saudosismo quando anuncia a absoluta e completa novidade da «actual corrente literária», como lhe chamava nessa altura o poeta e jovem crítico estava no fundo a esboçar os fundamentos programáticos de «Orpheu». De facto, Pessoa, que será a personalidade mais relevante do ponto de vista da iniciativa teórica do Modernismo e de todas essas «forças vivas» em contínua e febril «ultrapassagem de inédito» que foram os «ismos», tentava então estabelecer os critérios estéticos - diferenciando-os do contexto poético saudosista e dos seus antecedentes simbolistas - e os pressupostos metafísicos que viriam a ser, na sua maior parte, os da futura «nova poesia».
-----Além deste marco simbólico inicial, podemos considerar que tanto a publicação do primeiro livro de contos de Sá-Carneiro, Princípio, em Outubro de 1912 e a composição de: - «Dispersão», entre Fevereiro e Maio de 1913; - três novelas - «O Homem dos Sonhos», «O Fixador de Instantes» e «Mistério», respectivamente de Março, Julho e Agosto de 1913 e, finalmente, - A Confissão de Lúcio, datada de Setembro desse mesmo ano, como, entre outros, «Na Floresta do Alheamento» e «O Marinheiro», ambos de 1913 e de Pessoa, são momentos importantes na génese de «Orpheu», de tomada de consciência e afirmação da sua singularidade estético-literária, que preparam a ulterior emancipação face ao grupo da «Renascença Portuguesa».
-----Em Fevereiro de 1914, Fernando Pessoa publicou no único número da revista A Renascença o importante poema «Paúis», que assinala, simultaneamente, a sua estreia poética e o momento de afirmação dos modernistas, que formaliza a ruptura com o que designavam, no habitual tom irreverente e esfíngico, como «lepidopterismo nacional». Tratava-se do afastamento em relação às hostes saudosistas, embora a formalização propriamente dita desta dissidência face ao grupo de Teixeira de Pascoaes só ocorra posteriormente através de uma carta enviada pelo poeta a Álvaro Pinto, secretário da revista A Águia. «Paúis» tornou-se emblemático, pois deu origem a uma primeira corrente cosmopolita e modernista chamada «paulismo».»
Carlos Reis, in Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea
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TEXTO 3
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-----Dicionário da Literatura, direcção de Jacinto do Prado Coelho, vol. II, verbete referente ao Modernismo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Poesia de Pessoa - Estilo

. Musicalidade:
  • aliterações;
  • assonâncias;
  • encavalgamento / transporte;
  • rimas externas e internas;
  • ritmo fluente;
  • verso curto (2 a 7 sílabas);
  • predomínio da quadra e da quintilha;
  • paralelismo anafórico;
  • eufonia;
  • onomatopeia.
. Simplicidade formal.

. Adjectivação expressiva.

. Economia de meios: sintaxe simples; vocabulário simples, sóbrio e nobre; verso curto; quadra e quintilha.

. Pontuação emotiva (interrogações, exclamações, reticências).

. Associações inesperadas (por vezes desvios sintácticos).

. Comparações e metáforas originais.

. Oximoros / paradoxos.

. Uso de símbolos tradicionais (água, rio, rei, espada, jardim...).

. Uso do presente do indicativo.

Poesia de Pessoa - Temas

. Fingimento (enquanto alienação de si próprio, processo criativo e máscara).

. Identidade perdida e incapacidade de (auto-)definição: «Quem me dirá quem sou».

. Consciência do absurdo da existência.

. Tensão sinceridade / fingimento, consciência / inconsciência.

. Oposições sentir / pensar, pensamento / vontade, esperança / desilusão.

. Dor de pensar, de ser lúcido.

. Intelectualização das emoções.

. Estado(s) de alma negativo(s): egotismo, solidão, cepticismo, tédio, angústia, desespero, mágoa, dor, cansaço...

. Efemeridade da vida.


. Tempo como factor de fragmentação e desagregação.

. Tentativa de superação do estado de alma negativo através de:

  • evocação nostálgica da infância, idade de ouro, símbolo de uma felicidade perdida e irrecuperável;
  • refúgio no sonho, na música e na noite;
  • criação dos heterónimos: «Sê plural como o Universo!».



Fernando Pessoa

A. Fernando Pessoa Ortónimo
---1. Temática.

---2. Estilo.


---3. Vertentes da poesia de Fernando Pessoa

---4. Origem dos heterónimos.

---5.
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B. Alberto Caeiro

---1. Marcas temáticas e estilísticas.
---2. Caeiro, o «Mestre».


C. Ricardo Reis


D. Álvaro de Campos