domingo, 15 de fevereiro de 2009

Magia

É simples:
  1. Pense num número de dois dígitos.
  2. Subtraia ambos os algarismos ao número em que pensou.
  3. Consulta esta tabela e veja o símbolo ou a letra correspondente ao número obtido após a subtracção.
  4. Depois clique no quadrado vermelho.

Qual é a explicação para este fenómeno?

A grande BARRACA

As associações de pais, pelo menos as representadas pelo Sr. Albino Almeida, com a possível conivência do Ministério da Educação, pretendem transformar a escola no grande barracão da minha infância... só que muito pior.

A «coisa» explica-se facilmente: quando era criança, juntamente com o grupo de vizinhos e amigos com quem cresci, brincava num grande barracão - ou alpendre, como alguns de nós lhe chamavam -, feito de pedra e madeira, onde éramos depositados, sem o sermos, pelos nossos pais, enquanto eles tratavam da sua - e da nossa - vidinha. Assim, por ali andávamos grande parte do dia, em quase total liberdade, brincando e fazendo disparates, ou, como lhe chamávamos, «asneiras»: uma telha ou um vidro partidos por uma pontapé na bola desgovernado, um empréstimo à macieira do vizinho, que era pai de um de nós, etc., etc.

Hoje, os pais e o ME querem colocar os meninos e jovens na escola entre as 7 e as 19, sensivelmente, isto é, 12 - DOZE - horas por dia. Partindo do princípio que dormem oito a nove horas por noite, basicamente pais e filhos estão juntos às refeições. Ponto. E a escola transforma-se no tal «barracão», onde estes desgraçados são depositados. Só que esse barracão não tem madeira para fazer carrinhos de rolamentos, nem um espaço infindável para jogar à bola, nem uma árvore onde subir e de onde dar tombos - tantas vezes curados, em casa, entre uma «chapoçada» de mercúrio e um sopapo «por-que-já-te-a-vi-sei-que-não-te-que-ro-a-su-bir-à-car-va-lha». Há computadores, é verdade, mas... e brincar? Saltar, pular, correr, cair, arranhar os joelhos e as mãos, levantar, voltar a correr e cair...?

Quando é um professor a dizê-lo, é porque é um «calão», um «zeco» que não quer trabalhar; porém, sendo Daniel Sampaio a escrevê-lo, talvez a opinião seja «mais credível e menos atacável».


Fonte: Pública - 15 de Fevereiro de 2009