Como é evidente, as opiniões expressas pelo entrevistado são questionáveis e discutíveis (assim deveria acontecer com tudo e todas). As questões dogmáticas são cada vez menos e restritas a determinadas áreas (a religiosa, por exemplo) e a determinados indivíduos que não admitem outra «verdade» que não a sua (sim, esse mesmo).
De qualquer forma, da entrevista permito-me destacar alguns pontos:
- A existência de dois sistemas de ensino, um real (o vivido nas escolas) e outro virtual (o da propaganda e da obsessão pelos números).
- O aumento da distância entre Portugal e a média europeia em diversos índices (o atraso passou de 29 para 51 anos).
- A diminuição dos gastos em Educação (cerca de 50%) tendo por referência o PIB.
- A obsessão pela apresentação de resultados (fictícios, virtuais).
- O aumento da violência escolar (e social), a promoção do facilitismo e do absentismo discente.
- A intoxicação da opinião pública pela máquina de propaganda governamental.
- A ausência de autonomia das escolas.
- A denúncia das Novas Oportunidades ("farsa").
- As soluções para a melhoria do ensino: SERIEDADE; CONFIANÇA nos professores; AUTONOMIA das escolas; noções de ESFORÇO, TRABALHO, EXIGÊNCIA.
- Malefícios do uso intensivo e desproporcionado das novas tecnologias em detrimento da actividade cerebral.
Este último ponto leva-me a, novamente, aludir a algo que discuto frequentemente com alguns colegas. Há uma franja da nova geração de professores que parece incapaz de leccionar sem o uso do power point, passando «slide» atrás de «slide», limitando-se a ler o que vai sendo projectado. A minha experiência diz-me duas coisas: a maioria dos alunos aborrece-se (ainda mais) com este tipo de «aulas»; esta metodologia é perigosa para os professores, pois, em última análise, leva a que não necessitem de se preocupar com o seu «saber», que passa a estar concentrado na máquina. Dito de outra forma, não precisam de dominar em profundidade os conhecimentos que leccionam.
Dá que pensar, não?