quinta-feira, 20 de março de 2008

10.4. Narração (I, 19 - X, 144)

10.3. Dedicatória (I, 6 - 18)

Entre as estâncias 6 a 18 do primeiro canto, Camões oferece a sua epopeia a D. Sebastião, que o poeta considerava o garante da liberdade nacional.

10.2. Invocação (I, 4 - 5)

Nas estrofes 4 e 5 do canto I, Camões dirige-se às Tágides, as ninfas do Tejo, buscando nelas uma inspiração elevada que lhe permite cantar o "peito ilustre lusitano".

Além desta, outras invocações surgem ao longo da epopeia:
  • no canto II, est. 1 e 2, invoca Calíope, musa da eloquência da poesia épica, solicitando-lhe inspiração para compor o discurso de Vasco da Gama ao rei de Melinde;
  • no canto VII, est. 78-87, dirige-se às ninfas do Tejo e do Mondego, procurando o seu favor na tarefa de cantar um povo ingrato;
  • no canto X, nas estâncias 8 e 9, invoca novamente Calíope, a quem pede ajuda para a missão de glorificar a sua pátria;
  • ainda no canto X, mas na estrofe 145, surge a terceira invocação a Calíope, a quem Camões confessa não poder cantar mais, pois o não merece "a gente surda e endurecida".

10.1. Proposição (I, 1 - 3)

A Proposição de Os Lusíadas situa-se no início do primeiro canto, abrangendo as três primeiras estrofes. Nela, Camões apresenta o assunto da sua obra, ou seja, propõe-se cantar as navegações e as conquistas portugueses no Oriente, durante os reinados de D. Manuel a D. João III, bem como os triunfos em África de D. João I a D. Manuel e a organização do reino durante a primeira dinastia.

Na verdade, Camões vai cantar os feitos guerreiros e os heróis que estiveram na génese da pátria e do império português ("as armas e os barões assinalados"), as "memórias gloriosas dos reis que..." e "aqueles que por obras valerosas", isto é, os heróis do passado, do presente e do futuro, "se vão da lei da morte libertando". Em suma, canta "o peito ilustre lusitano", um herói colectivo - facto em que a sua obra diverge das epopeias gregas e latina, que cantavam um herói individual -, representado por um herói individual: Vasco da Gama.

10. Estrutura Interna

Os Lusíadas obedecem à estrutura clássica de uma epopeia, apresentando uma Proposição, uma Invocação, uma Dedicatória e a Narração, a qual compreende quatro planos:
  • o da Viagem;
  • o da História de Portugal;
  • o da Mitologia;
  • o das Considerações Pessoais do Poeta.

9. Génse de OS LUSÍADAS

A obra de Camões foi publicada em 1572, num momento em que o chamado império português aparentava já sinais de decadência e de ruína. No entanto, Os Lusíadas exaltam a glória do povo lusitano, focando o seu período de maior fulgor: a época dos Descobrimentos, representada pela viagem de Vasco da Gama, empreendida em 1498, concretizando a descoberta do caminho marítimo para a Índia.

A premência da publicação de uma epopeia portuguesa que glorificasse a nossa «gesta heróica» era evidente e diversos autores renascentistas tinham-na destacado, nomeadamente Garcia de Resende, no prólogo do seu Cancioneiro Geral, e António Ferreira. Porém, apenas Luís Vaz de Camões matará essa sede ao, de forma genial, adoptar com originalidade a estrutura clássica da epopeia à narração da viagem de Vasco da Gama e da História de Portugal.