domingo, 31 de maio de 2009

Transgressões - Código sexual

A transgressão, no Memorial do Convento, a nível sexual, tem o ponto máximo no contraste entre a relação carnal entre o rei e a rainha - sexo ritual protocolar para procriação (pp. 11-13, 319-320), profusamente caricaturado pelo narrador - e a relação carnal entre Baltasar e Blimunda, caracterizada por uma entrega sexual permanente e mútua de corpos e de almas sem tabus ou limites, que não os que as próprias personagens «acordam» (p.77).
Outro momento em que a transgressão sexual é bem evidente está relacionada com as propostas que o irmão de D. João V faz à rainha, bem como as sonhos eróticos que esta tem com aquele.
O «desfile» que ocorre pelas ruas da cidade por alturas do Entrudo é outro momento de excessos e de transgressão sexual.

Resumo - Cap. XVI

O narrador critica a governação do reino, nomeadamente o sector da justiça, assente no poder e na riqueza, e dá notícia da morte do infante D. Miguel, afogado, enquanto a vida de seu irmão, infante D. Francisco, é poupada.
A passarola está pronta para voar, mesmo a tempo, pois Baltasar e Blimunda têm de abandonar a quinta de S. Sebastião da Pedreira, perdida, em definitivo, pelo rei para o Duque de Aveiro. O padre Bartolomeu anda agitado, ansioso e receoso de que o acusem de feitiçaria e judaísmo, não obstante o apoio real, e quer dividir a honra e a glória do invento com o casal Baltasar e Blimunda.
Certo dia, o padre Bartolomeu chega, pálido e assustado, dizendo que tinha de fugir, pois o Santo Ofício andava à sua procura para o prender, apontando a passarola como meio para a fuga. E assim sucedeu: depois dos últimos preparativos, a passarola voa de facto. As três personagens vivem momentos de medo, euforia, deslumbramento e felicidade, considerando-se loucos, e, do alto, avistam Lisboa, o Terreiro do Paço, as ruas, etc. Quando a noite chega, a passarola começa a perder altitude por falta de sol, o que provoca momentos de angústia e grande medo. O padre Bartolomeu resigna-se a aguarda o desfecho fatal, mas Blimunda, auxiliada por Baltasar, consegue controlar o aparelho e aterrar em segurança em local desconhecido.
Cansados e após se alimentarem, adormecem. Quando acordam, o padre Bartolomeu procura incendiar a passarola, mas é impedido por Baltasar e Blimunda. De seguida, afasta-se para umas moitas e desaparece para sempre, não obstante as tentativas de Baltasar para o encontrar.
Só, o casal decide cobrir a máquina de ramos e folhas para impedir que seja descoberta. Na manhã seguinte, descem pelo trilho por onde desapareceu o padre e, dois dias volvidos, estão de regresso a Mafra, onde deparam com mais uma procissão a percorrer as ruas, que dava graças a Deus por haver mandado o Espírito Santo voar sobre as obras da basílica do convento.

Editorial do DN


Editorial

União dos professores merece ser avaliada

A greve de quarta-feira fracassara e o momento escolhido para a manifestação era arriscado. O fim de ano lectivo e o período de exames eram, só por si, factores que podiam demover os professores de participarem no protesto. Depois, sendo sábado, implicava a concessão de um dia de descanso e, ainda por cima, com as temperaturas a convidarem muito para a praia, a esplanada, e muito pouco a uma marcha lenta sob um calor acima de 30 graus centígrados.
É por tudo isto que o número de manifestantes que ontem percorreram a Avenida da Liberdade - cerca de 70 mil - não só acaba por surpreender um pouco, como se trata de um sinal de união forte que o Governo deve saber interpretar.
Não está em causa a aplicação da reforma promovida por Maria de Lurdes Rodrigues, que todos, incluindo os sindicatos, já reconheceram ser globalmente positiva para o nosso ensino. Trata-se apenas de reflectir sobre o que significa a mobilização de tantos manifestantes, alguns dos quais garantem, inclusive, estar a produzir a avaliação imposta pelo Ministério da Educação, e continuar a procurar uma base de entendimento sólida com uma classe profissional tão importante para o futuro de qualquer nação, como é a dos professores.
Procura que tem de passar também pelos sindicatos, os quais não devem usar a dimensão da mobilização para tentarem desenterrar alguns radicalismos que os próprios professores já deram sinais de reprovar. E, muito menos, usarem o descontentamento dos professores para fazer campanha política. Mário Nogueira, no entanto, voltou a fazê-lo ontem, demonstrando mais uma vez que os seus interesses estão muito para além do Estatuto da Carreira e da avaliação de desempenho.
Um comportamento reprovável e que prejudica os professores nas negociações com o Governo.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Resumo - Cap. XV

Scarlatti regressa frequentamente a S. Sebastião da Pedreira e, enquanto os trabalhos decorrem, no meio de grande confusão e ruído, toca o seu cravo.
Por essa altura, Lisboa é acometida de um surto de varíola, causado por uma nau vinda do Brasil. É a oportunidade que o padre esperava. Com efeito, pede a Blimunda que se desloque à cidade e recolha as vontades dos moribundos. Finda a epidemia, constata-se que recolheu duas mil vontades, tendo ficado gravemente doente pelo esforço desenvolvido e só sendo curada pela música do cravo de Scarlatti, que, após a cura, passa a vê-la todos os dias.
Certo dia, Baltasar e Blimunda deslocam-se a Lisboa e deparam com o padre Bartolomeu bastante doente, com destaque para a sua magreza e palidez, parecendo recear algo ou alguém.

Resumo - Cap. XIV

O padre Bartolomeu regressa doutor em cânones, passando a ser visto na casa de uma viúva. Enquanto isso, D. João V manda vir de Itália o maestro barroco Domenico Scarlatti, para dar aulas de música à infanta D. Maria Bárbara. O maestro e o padre conhecem-se e tornam-se amigos, pois partilham as mesmas ideias e os mesmos sonhos. Assim, Bartolomeu leva Scarlatti a S. Sebastião da Pedreira e apresenta-lhe Baltasar e Blimunda («Vénus e Vulcano») e mostra-lhe a passarola.
Uma referência do padre Bartolomeu permite-nos verificar que, desde o início da acção, decorreram, nove anos. Com efeito, o visionário diz a Scarlatti que ele e Baltasar têm ambos 35 anos (no início, este tinha 26).
Conhecida a passarola, o músico retira-se, com a promessa de regressar e trazer o cravo, que tocará enquanto Blimunda e Baltasar trabalham. O padre por lá se mantém, praticando o sermão que está para pregar, sobre a unidade de Deus. Durante a noite, permanece no pátio, tomado por tentações.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Transgressões - Código religioso

  • Sumptuosidade que rodeia a edificação do convento (pp. 365-6) vs a simplicidade e a humildade, essência dos valores cristãos;
  • Recrutamento de homens à força para as obras do convento;
  • Construção da passarola vs a proibição de ascender a um plano superior / divino (p. 198) - 4 pilares de solidez do projecto: Bartolomeu, Baltasar, Blimunda e Scarlatti;
  • A castidade vs a promiscuidade / as relações sexuais nos conventos;
  • As estátuas dos santos (p. 344) vs a santidade humana (p. 342);
  • Missa enquanto espaço de vivência espiritual (p. 145) vs a missa enquanto espaço de namoros e de econtros clandestinos (pp. 43, 162 e 236);
  • A bênção de Deus vs a bênção dos homens;
  • O funeral do infante D. Pedro, um espectáculo de pompa e circunstância vs funeral do sobrinho de Baltasar, manifestação isolada de dor.

Resumo - Cap. XIII

----- A passarola mostra sinais de degradação pelo abandono a que está votada: os arames e os ferros enferrujaram-se e os panos cobriram-se de mofo; o vime, ressequido, destrança-se. Perante este cenário e enquanto o padre Bartolomeu não regressa, Baltasar recomeça os trabalhos: constrói uma forja, visita um ferreiro e vê como se faz o fole.
----- Quando o padre chega, é surpreendido pelo fole pronto, peça por peça desenhada e feita por Baltasar. «Um dia voarão os filhos do homem.», prognostica. Seguidamente, encomenda a Blimunda a recolha de duas mil vontades humanas para que, juntamente com o âmbar e imãs, seja possível fazer voar a passarola. Quanto a Baltasar, o padre indica-lhe onde comprar ferro, vime e peles para os foles. De tudo ele pede absoluto segredo.
----- Assim, durante cerca de um ano o trio constrói a passarola, enquanto novas procissões desfilam pelas ruas de Lisboa, para gáudio de todos os que assistem (nobreza, clero e povo).

Transgressões - Código escrito

----------Memorial do Convento é uma obra dominada pela noção de transgressão, seja no domínio da escrita, do social, do religoso...

----------A nível da escrita, essa ideia de transgressão está presente nos seguintes aspectos:
----------------. a desconstrução e reconstrução das regras da pontuação;
----------------. a diversidade de registos de língua:
--------------------- o registo popular, nomeadamente o calão («merda»);
--------------------- o registo familiar;
--------------------- o registo cuidado;
----------------. a inversão de expressões bíblicas e de provérbios / adágios populares;
----------------. os aforismos («Não está o homem livre... com a verdade...»);
----------------. os jogos de palavras.

Resumo - Cap. XII

A tragédia ronda as personagens da obra: o filho mais velho de Inês Antónia e Álvaro Diogo morreu há três meses de bexigas; Álvaro tem a promessa de conseguir emprego na construção do convento; Marta Maria sofre de dores terríveis no ventre. Já João Francisco está infeliz porque o filho partirá novamente para Lisboa, enquanto Blimunda foi à missa em jejum e viu que dentro da hóstia também havia uma nuvem fechada, vontade dos homens...
O padre Bartolomeu de Gusmão escreve de Coimbra: primeiro, diz ter chegado bem; posteriormente envia uma nova missiva solicitando que seguissem para Lisboa "tão cedo quanto pudessem". Por sua vez, o rei prepara-se para se deslocar a Mafra no intuito de inaugurar a obra do convento. Baltasar e Blimunda conseguem um lugar na igreja. No dia seguinte forma-se a procissão e o rei marca presença no evento. De seguida, a pedra principal é benzida, com tanta a pompa que os gastos ascendem a cerca de duzentos miI cruzados.
Finda a «festa», Baltasar e Blimunda partem para Lisboa. A mãe, Marta Maria, despede-se do filho dizendo que não o tornará a ver. Blimunda e Sete-Sóis dormem na estrada. Por fim chegam à quinta onde esperariam o padre voador. Mal chegam, chove.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Manifesto Conjunto

Subscrevo:

Encontramo-nos Sábado


1) Este governo desfigurou a escola pública. O modelo de avaliação docente que tentou implementar é uma fraude que só prejudica alunos, pais e professores. Partir a carreira docente em duas, de uma forma arbitrária e injusta, só teve uma motivação economicista, e promove o individualismo em vez do trabalho em equipa. A imposição dos directores burocratiza o ensino e diminui a democracia. Em nome da pacificação das escolas e de um ensino de qualidade, é urgente revogar estas medidas.

2) Os professores e as professoras já mostraram que recusam estas políticas. 8 de Março, 8 de Novembro, 15 de Novembro, duas greves massivas, são momentos que não se esquecem e que despertaram o país. Os professores e as professoras deixaram bem claro que não se deixam intimidar e que não sacrificam a qualidade da escola pública.

3) Num momento de eleições, em que se debatem as escolhas para o país e para a Europa, em que todos devem assumir os seus compromissos, os professores têm uma palavra a dizer. O governo quis cantar vitória mas é a educação que está a perder. Os professores e as professoras não aceitam a arrogância e não desistem desta luta: sair à rua em força é arriscar um futuro diferente. Saír à rua, todos juntos outra vez, é o que teme o governo e é do que a escola pública precisa. Por isso, encontramo-nos no próximo sábado.

Subscrevem:

Os blogues: A Educação do Meu Umbigo (Paulo Guinote), ProfAvaliação (Ramiro Marques), Correntes (Paulo Prudêncio), (Re)Flexões (Francisco Santos), Educação SA (Reitor), O Estado da Educação (Mário Carneiro), Professores Lusos (Ricardo M.), Outròólhar (Miguel Pinto), O Cartel (Brit.com, Advogado do Diabo).

Os movimentos: APEDE (Associação de Professores em Defesa do Ensino), MUP (Movimento Mobilização e Unidade dos Professores), PROmova (Movimento de Valorização dos Professores), MEP (Movimento Escola Pública), CDEP (Comissão em Defesa da Escola Pública).

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Resumo - Cap. XI

O padre Bartolomeu de Gusmão regressa da Holanda e desloca-se à Quinta de S. Sebastião da Pedreira. Três anos haviam passado e tudo estava abandonado e o material estava disperso pelo chão.
De seguida, parte para Coimbra, passando antes por Mafra para ver os homens e as obras do convento que está a ser edificado. Aí, procura por Baltasar e Blimunda junto de um pároco, que o informa que os tinha casado em Lisboa.
Marta Maria, desconfiada de ter uma «nascida», isto é, um tumor, lamenta nada ter para oferecer ao padre Bartolomeu: nem comida, nem abrigo para pernoitar. Assim, o padre dorme na casa do pároco e, pela madrugada, é visitado por Blimunda, em jejum, e Baltasar, que lhe pergunta se o éter é a alma, ao que o padre Bartolomeu responde que é da vontade dos vivos que ele se compõe.
O padre pede, então, a Blimunda que o olhe por dentro e ela vê uma nuvem escura à altura do estômago. Era da vontade, diferente da alma, o que faria voar a passarola. Blimunda monta numa mula e anuncia a sua partida para Coimbra, afirmando que, quando regressar, mandará avisar os dois para que lá estejam.
No final do capítulo, Baltasar oferece o pão a Blimunda, mas ela pede, primeiro, para ver a vontade dos homens que trabalham no convento.

domingo, 24 de maio de 2009

Resumo - Cap. X

Baltasar e Blimunda chegam a casa dos pais de Baltasar, em Mafra, mas só encontram sua mãe, pois o pai foi trabalhar. A mãe fica chocada por ver que Baltasar tinha perdido a mão. Blimunda fica entre portas a espera que o marido chame para conhecer a sua nova família. Ela entra e fica a falar um pouco com sua sogra.
No fim do dia, chega João Francisco, pai de Baltasar, e conversam sobre o que tinha acontecido na guerra. Blimunda fala um pouco sobre a sua família e a uma dada altura diz que sua mãe foi degredada porque a tinham denunciado ao Santo Oficio. João Francisco fica preocupado, porque pensa que ela é judia ou cristã nova, mas Baltasar afirma-lhe que sua sogra tinha sido degredada por ter visões e ouvir vozes, acrescentando que pretendem ficar em Mafra e que estão a pensar em comprar casa. Seu pai conta-lhe que vendeu as terras que tinha na Vela, ao rei, porque este queria construir um convento de frades.
Pai e filho vão à salgadeira e tiram um bocado de toucinho, que dividem em quatro tiras e colocam uma em cada fatia de pão que dividem por todos. Ficam a olhar Blimunda para verem se ela come a sua fatia; assim, pode esclarecer se ela é ou não judia. Porém, Blimunda come a fatia e sossega o sogro. Baltasar diz ao pai que precisa de arranjar um emprego para si e para sua mulher, mas todos duvidam que ele o consiga devido à mão.
No dia seguinte, conhecem a nova parente, Inês e seu marido, que falam sobre a morte do filho de D. João V e do seu filho que está doente. Baltasar caminha sobre as terras da Vela e relembra os momentos que ali passou; encontra o seu cunhado e conversa sobre o convento que ali se construirá e sobre os frades que irão vir viver para ali. Ao chegar a casa encontra sua mãe a falar com sua mulher sobre a rainha, que agora visita muitas igrejas e muitos conventos onde reza pelo seu marido que está muito doente. De facto, D. Maria Ana fica em Lisboa a rezar enquanto seu marido se acaba de curar nos campos de Azeitão, onde os franciscanos da Arrábida estão a assistir. O infante D. Francisco, sozinho, em Lisboa, tenta fazer a corte a sua cunhada deitando contas à morte do rei. D. Maria diz-lhe que seu marido ainda não morreu e que não pensa em se casar de novo.

Resumo - Cap. IX

Baltasar e Blimunda mudam-se para a quinta do Duque de Aveiro, em S. Sebastião da Pedreira, para trabalhar na construção da passarola. Apesar de não ter a mão esquerda, Baltasar tem a ajuda de Blimunda e dos seus poderes mágicos.
Quanto ao padre Bartolomeu de Gusmão, parte para a Holanda, terra de muitos sábios sobre alquimia e éter, elemento que busca, visto que faz com que os corpos se libertem do peso da terra. Assim, abençoa o casal, despede-se e parte.
D. João V, protector do padre face à Inquisição, vê-se confrontado com o protesto das freiras de Santa Mónica por tê-las proibido de falar com outrem que não os familiares.
Baltasar e Blimunda não participam em novo auto-de-fé, antes preferem assistir às touradas, um bom divertimento, em que o touro é torturado enquanto o público delira com tal espectáculo de sangue. Cheira a carne queimada, mas o povo não nota pois está habituado ao churrasco do auto-de-fé.
Na madrugada seguinte, Baltasar e Blimunda partem para Mafra com uma trouxa e alguma comida.

Opiniões - António Barreto

Jornal Público

sábado, 23 de maio de 2009

Resumo - Cap. VIII

Blimunda acorda ao lado de Baltasar e procura o saco onde costuma guardar o pão, porém não o encontra. Alertada por Baltasar para deixar de o procurar, ela tapa os olhos com as mãos e implora-lhe que lhe dê o pão, no entanto ele só lho facultará quando a companheira desvendar os segredos que esconde.
Blimunda tenta sair da cama, mas Baltasar não lho permite, o que gera um conflito entre ambos que termina com ele a dar-lhe o pão. Após ter comido o pão, Blimunda revela-lhe o seu segredo: pode ver as pessoas por dentro quando está em jejum, prometendo-lhe de seguida nunca o olhar por dentro. Perante a incredulidade dele, ela afirma que, no dia seguinte, lhe irá provar a verdade: irá à sua frente de olhos fechados e dir-lhe-á o que verá por dentro das pessoas, o que estará no interior da terra, por baixo da pele e até por baixo das roupas. Estes poderes desaparecem, temporariamente, quando o quarto da lua muda. Assim foi...
D. João V e D. Maria Ana têm o segundo filho, o infante D. Pedro.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Resumo - Cap. VII

Antes de ter início o projecto de construção da passarola, foi necessário ultrapassar a falta de dinheiro, o que foi conseguido por Baltasar ao começar a trabalhar.
De seguida, o narrador refere-se aos diversos assaltos de que os portugueses foram vítimas durante as suas viagens marítimas, bem como ao nascimento de um novo filho dos reis, desta vez uma menina, facto que contrariou D. João V, que desejava um rapaz. Com o nascimento, terminou uma seca que durava há oito meses, sucedendo-lhe uma época de muita chuva.
Por último, o narrador narra o baptizado da princesa, de seu nome Maria Bárbara, e anuncia a morte de Frei António de S. José.

Resumo - Cap. VI

O capítulo começa com uma reflexão em torno do valor e da importância do pão para a população. De facto, enquanto aquele alimento é muito importante no que diz respeito à alimentação dos portugueses, os estrangeiros, cansados do pão, trouxeram dos seus países de origem os seus alimentos e passaram a vendê-los a um preço elevado, facto que dificulta a sua aquisição. Nesta sequência, Baltasar narra a história de um frota francesa que, ao chegar a Portugal, foi confundida com uma tentativa de invasão, quando afinal se tratava de um singelo carregamento de bacalhau.
Segue-se um diálogo travado entre esta personagem e o padre Bartolomeu, que diz sonhar que um dia voará: primeiro o Homem tropeça, depois anda, de seguida corre e um dia voará. Por seu turno, Baltasar considera que, para voar, o ser humano terá de ser dotado de asas como as aves.
O padre Bartolomeu chama à atenção de Baltasar para o facto de ele estar em pecado ao dormir com Blimunda sem que estejam casados, indo de seguida visitar S. Sebastião da Pedreira para Baltasar conhecer a máquina inventada pelo padre para voar e à qual deu o nome de passarola.
Chegados ao local, Bartolomeu de Gusmão mostra o desenho da máquina a Baltasar e explica-lhe como pensa fazê-la voar, solicitando-lhe ajuda para a construir. Após alguns momentos de hesitação e de receio em aceitar a proposta, Baltasar acaba por concordar.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Resumo - Cap. V

D. José, imperador da Áustria e irmão de D. Maria Ana, faleceu, daí o luto da rainha de Portugal. Não obstante, Lisboa está em festa, pois prepara-se para um novo auto-de-fé e adora espectáculos onde predomine o horror e o sangue. D. João V não participará no evento, mas jantará na inquisição, juntamente com a rainha, os filhos infantes e os frades.
Durante o auto-de-fé, o povo grita impropérios aos condenados e as mulheres nas varandas guincham. A extensão da procissão é traduzida pela analogia com uma serpente enorme. Entre os condenados encontra-se Sebastiana de Jesus, mãe de Blimunda, que procura sua filha, imaginando-a também condenada a degredo. Vê-a, porém, entre a multidão que acompanha o auto-de-fé, mas sabe que não poderão dirigir a palavra uma à outra, pois, se tal sucedesse, certamente seria condenada também. Junto dela está o padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, bem como um homem desconhecido, de seu nome Baltasar Mateus, a quem ela dirige a palavra, procurando conhecer o seu nome.
Terminado o auto-de-fé, Blimunda regressa a casa, acompanhada pelo padre, deixando a porta aberta para que Baltasar possa entrar. Após o jantar, o padre deita a benção ao casal e sai. Blimunda convida então Sete-Sóis a morar consigo. Posteriormente, deitam-se juntos: Blimunda, ainda virgem, entrega-se-lhe. Com o sangue escorrido, proveniente da perda da virgindade, desenha uma cruz no peito de Baltasar. Na manhã seguinte, ao acordar, Blimunda, sem abrir os olhos, come um pedaço de pão e promete a Baltasar nunca o olhar por dentro.

Resumo - Cap. IV

Baltasar regressa da guerra, de Espanha, onde perdeu a mão esquerda numa batalha que pretendia decidir a questão do trono espanhol. Consigo, traz os ferros que mandara fazer para substituir a mão perdida na guerra.
Quando se encaminhava para Lisboa, Baltasar teve um recontro com dois homens que o pretendiam roubar, acabando por assassinar um dos assaltantes. Chegado à capital, fica indeciso entre permanecer em Lisboa ou seguir para a casa dos pais, em Mafra, acabando a vaguear pelas ruas da capital. Aí, conhece João Elvas, um ex-soldado também, com quem passa a noite junto de outros mendigos num telheiro abandonado.
Antes de adormecerem, todos contaram histórias de assassinatos e mortes ocorridas em Lisboa, que compararam a mortes que presenciaram na guerra.

sábado, 16 de maio de 2009

Sequências narrativas

Capítulo XXV:

  • Blimunda procura Baltasar durante nove anos por todo o país;
  • Em 1739, na praça do Rossio, em Lisboa, onze «supliciados», entre os quais o escritor António José da Silva, conhecido por «o Judeu», encontram-se a caminho da fogueira num auto-de-fé;
  • Um desses onze supliciados é Baltasar, cuja vontade se liberta do seu corpo, sendo recolhida dentro do peito por Blimunda, quando ele se prepara para morrer.

Sequências narrativas

Capítulo XXIV:
  • Blimunda procura Baltasar;
  • Tentativa de violação de Blimunda por um frade, da qual se defende com o espigão de ferro dele;
  • Início das festas de sagração do convento de Mafra.

Chuva - Jorge Fernando

Não é de Coimbra, mas é fado; não é a inolvidável Toada Coimbrã, mas Jorge Fernando, cantor e compositor que a «malta» dos «oitentas» bem conhece.

Sequências narrativas

Capítulo XXIII:
  • Transporte de várias estátuas de santos para Mafra;
  • Viagem para Mafra, desde o convento de S. José de Ribamar, de trinta noviços;
  • Viagem de Baltasar a Monte Junto, sozinho, para averiguar do estado da passarola;
  • Voo inesperado da passarola quando Baltasar nela entrou para a reparar.

Resumo - Cap. III

Celebrado o "Entrado", segue-se a Quaresma, altura em que as ruas se enchem de gente que procede às suas penitências. De acordo com a tradição, a Quaresma era a única época em que as mulheres podiam percorrer as igrejas sozinhas e assim usufruir de uma rara liberdade que lhes era negada durante o resto do ano e lhes permitia satisfazer a sua líbido, encontrando-se com os seus amantes.
«Apenas» D. Maria Ana não pode usufruir desta liberdade, visto que, além da sua condição de rainha, está grávida. Assim, vai cedo para a cama e sonha novamente com o cunhado. Finda a Quaresma, as mulheres regressam à reclusão das suas casas.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sequências narrativas

Capítulo XXII:
  • «Troca de princesas» entre as casas reais de Portugal e de Espanha (ano de 1729);
  • Viagem ao rio Caia para levar a princesa Maria Bárbara e trazer Mariana Vitória;
  • Cerimónia do casamento de D. José com Mariana Vitória, acompanhado pela música de Scarlatti.

Sequências narrativas

Capítulo XXI:
  • Desejo de D. João V construir em Portugal uma basílica semelhante à de D. Pedro, em Roma;
  • Convocação de Ludovice, arquitecto, no sentido de executar a construção do monumento, intenção contrariada pelo facto de aquele informar o rei de que a sua vida não se prolongaria o suficiente para ver a obra erigida;
  • Decisão real de ampliar o convento de Mafra para 300 frades (o número anterior era de 80);
  • Estabelecimento do dia 22 de Outubro de 1730 (dia do aniversário do rei) como data para a sagração da basílica de Mafra, em resultado do «medo de morrer» de D. João V;
  • Recrutamento maciço de operários - «como tijolos» - para as obras.

Sequências narrativas

Capítulo XX:
  • Deslocação de Baltasar e Blimunda a Monte Junto;
  • Renovação da passarola em Monte Junto;
  • Viagem de regresso a Mafra;
  • Morte de João Francisco, pai de Baltasar.

Resumo - Cap. II

De acordo com o narrador, a concepção da rainha, a ocorrer, seria um novo milagre dos normalmente atribuídos à ordem de São Francisco. E aponta o exemplo de frei Miguel da Anunciação, cujo corpo se conservara intacto durante vários dias após a sua morte, facto que atraiu um apreciável número de devotos à sua igreja. Noutra ocasião, a imagem de Santo António ter-se-ia deslocado, numa igreja da ordem dos Franciscanos, até à janela, onde ladrões tentavam entrar, provocando-lhes tal susto que os afugentara. Um terceiro caso citado diz respeito a um misterioso roubo de três lâmpadas de prata do convento de S. Francisco de Xabregas, no qual participaram ladrões que penetraram no edifício através da clarabóia e, passando junto à capela de Santo António, nada ali furtaram. Quando entraram na igreja, os frades encontraram tudo às escuras, verificando posteriormente que não era o azeite que faltava, antes as lâmpadas que tinham sido levadas. Tiveram oportunidade de observar as correntes de onde pendiam as lâmpadas furtadas e saíram em patrulhas pelas estradas, em busca dos larápios. Desconfiados de que os ladrões, afinal, talvez se tivessem escondido na igreja, regressaram ao local e só então constataram que, do altar de Santo António, rico em prata, nada havia sido levado.
O frade culpou, então, o santo de ter deixado ali passar alguém, sem que nada lhe tirasse, e ir roubar o altar-mor e deixou o Menino «como fiador» até que o santo devolvesse as lâmpadas. Nessa noite, alguns frades dormiram receosos que o santo os castigasse pelo insulto, mas, na manhã seguinte, surgiu à porta do convento um estudante que desejava falar ao bispo, a quem revelou estarem as lâmpadas no Mosteiro da Cotovia, «propriedade» dos padres da Companhia de Jesus. Esta «confissão» suscita a dúvida se o autor do furto, que desejava ser padre, não terá sido o estudante que, arrependido, terá deixado lá as lâmpadas, por falta de coragem para as devolver. Assim, as lâmpadas regressaram à igreja e o responsável pelo acto nunca foi descoberto.
No final do capítulo, o narrador levanta, junto do leitor, a desconfiança que frei António de S. José terá sabido, através do confessor de D. Maria Ana, da gravidez da rainha muito antes de D. João V.

Sequências narrativas

Capítulo XIX:
  • Baltasar torna-se boieiro e participa no carregamento da pedra do altar (Benedictione);
  • Descrição do transporte da pedra, desde Pero Pinheiro até Mafra;
  • Morte de Francisco Marques, trabalhador que foi esmagado sob uma das rodas de um carro de bois.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sequências narrativas

Capítulo XVIII:
  • Visão irónica e negativa de Portugal;
  • Descrição dos esforços desmedidos e das vítimas provocadas pela edificação do convento;
  • Relatos de histórias pessoais de diversos trabalhadores.

Resumo - Cap. I

D. João V e D. Maria Ana estão casados há dois anos e a rainha ainda não engravidou, não obstante as novenas que reza e as relações sexuais que mantém, duas vezes por semana, com o rei. Quando se casaram, o rei dormia com a rainha diariamente, mas, devido ao cobertor de penas que ela trouxe da Áustria e porque, com o decorrer do tempo, os odores mútuos faziam com que o cobertor ficasse com um cheiro insuportável, o rei deixou de dormir com a rainha.
D. João V entretém-se a montar um puzzle da Basílica de S. Pedro de Roma como forma de distracção e porque gosta, enquanto D. Maria Ana o aguarda para que ele cumpra o seu dever conjugal. Enquanto o rei se dirige para o quarto da rainha, chega ao palácio D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor, e traz consigo um franciscano velho. O bispo declara que frei António de S. José assegurou que, se D. João V construísse um convento em Mafra, realizar-se-ia o milagre da sua descendência. Enquanto isso, a rainha conversa com a marquesa de Unhão, rezam jaculatórias e pronunciam nomes de santos.
Após a saída dos dois religiosos, o rei anuncia-se e consuma o acto sexual com a rainha, findo o qual ela tem de «guardar o choco», a conselho dos médicos, e profere orações, pedindo um filho. De noite, D. Maria Ana sonha com o infante D. Francisco, seu cunhado, o que pacifica o seu sono, enquanto os percevejos começam a sair das fendas, dos refegos do quarto, e se deixam cair sobre a sua vítima. De igual modo, o rei também sonho, no seu caso com o filho que poderá advir em resultado da promessa da construção do convento.

Sequências narrativas

Capítulo XVII:
  • Regresso de Baltasar e Blimunda a Mafra, onde ele começa a trabalhar nas obras do convento;
  • Notícias do terramoto de Lisboa;
  • Regresso de Baltasar a Monte Junto, onde haviam escondido a passarola;
  • Notícia da morte do Padre Bartolomeu de Gusmão, em Toledo, trazida por Scarlatti.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sequências narrativas

Capítulo XVI:

  • Concretização do voo da passarola, com o Padre Bartolomeu, Baltasar e Blimunda, enquanto Scarlatti toca o seu cravo;
  • Os três sobrevoam a vila de Mafra até que, por razões «técnicas», a passarola tem de aterrar;
  • O Padre Bartolomeu procura incendiar a passarola, sendo impedido de o fazer por Baltasar e Blimunda;
  • O casal esconde a máquina voadora, enquanto o Padre desaparece;
  • Regresso do casal a Mafra, a tempo de assistir à procissão que celebra o milagre que julgavam constituir uma aparição do Espírito Santo (na realidade, tinha sido o voo da passarola o que as pessoas haviam avistado).

«Sic transit gloria mundi»
















(c) A Educação do meu Umbigo

Sequências narrativas

Capítulo XV:
  • Lisboa é «vítima» de uma epidemia de cólera e de febre amarela;
  • Blimunda, a pedido do Padre Bartolomeu, recolhe as vontades que se libertam dos moribundos;
  • Finda a tarefa, Blimunda adoece e só recupera ao escutar a música de Scarlatti.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Sequências narrativas

Capítulo XIV:
  • Regresso do Padre Bartolomeu de Coimbra, «doutor em cânones»;
  • Scarlatti, napolitano de 35 anos e músico responsável pelo ensino da infanta D. Maria, conhece o projecto da passarola;
  • Preparação do sermão para a festa do Corpo de Deus, no qual Bartolomeu de Gusmão questiona os fundamentos da trindade divina.

Sequências narrativas

Capítulo XIII:
  • Baltasar e Blimunda constroem a forja;
  • O Padre Bartolomeu de Gusmão menciona a necessida de duas mil vontades para fazer voar a passarola;
  • Procissão do Corpo de Deus (8 de Junho de 1719);
  • Descrição da procissão.

Sequências narrativas

Capítulo XII:
  • Blimunda comunga em jejum pela primeira e vê na hóstia «uma nuvem fechada»;
  • O Padre Bartolomeu de Gusmão solicita o regresso de Baltasar e Blimunda;
  • Destruição da igreja de madeira, construída especialmente para a cerimónia da inauguração dos alicerces, reconstruída em dois dias, facto considerado um milagre;
  • Inauguração da primeira pedra do convento, a 17 de Novembro de 1717;
  • Regresso de Baltasar e Blimunda a Lisboa, onde começam a trabalhar na passarola.

domingo, 10 de maio de 2009

Sequências narrativas

Capítulo XI:
  • Regresso do Padre Bartolomeu da Holanda.
  • O Padre fala a Baltasar e Blimunda da descoberta na Holanda.
  • Bartolomeu Lourençoi pede a Blimunda que olhe dentro das pessoas e encontre essa «vontade», que é como uma nuvem fechada.

Sequências narrativas

Capítulo X:
  • Morte do infante D. Pedro, posteriormente sepultado em S. Vicente de Fora;
  • Visita às obras do convento por parte de Baltasar, que ajuda o pai nos trabalhos do campo;
  • Nascimento do infante D. José, terceiro filho do casal real;
  • Doença do rei D. João V;
  • D. Francisco, irmão do rei, procura seduzir a rainha, revelando-lhe o interesse em desposá-la, caso o irmão venha a falecer;
  • Ida de D. João V para Azeitão, no intuito de se curar;
  • Sonhos eróticos da rainha D. Maria Ana com o cunhado.

Sequências narrativas

Capítulo IX:

  • Mudança de Baltasar e de Blimunda para a abegoaria na quinta do duque de Aveiro, em S. Sebastião da Oedreira;
  • Continuação da construção da passarola, na qual participam Bartolomeu de Gusmão, Baltasar e Blimunda;
  • Partida do Padre Bartolomeu para a Holanda e regresso de Baltasar a casa dos pais, juntamente com Blimunda;
  • Tourada no Terreiro do Paço;
  • Partida do casal Baltasar e Blimunda para Mafra.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Toada Coimbrã revisitada

Nova versão da Balada do V Ano Jurídico de 1988/89, do grupo Toada Coimbrã, bem a calhar numa altura em que se sucedem as queimas.

Sequências narrativas

Capítulo VIII:
  • Os poderes de Blimunda: come o pão de olhos fechados e olha por dentro das pessoas.
  • A prova desses poderes: a saída, em jejum, com Baltasar.
  • Nascimento do segundo filho de D. João V, o infante D. Pedro.
  • Escolha do local para edificar o convento: alto da Vela, na vila de Mafra.

Sequências narrativas

Capítulo VII:
  • Nascimento de D. Maria Bárbara, filha de D. João V.
  • Decepção do rei por não ter nascido um varão.
  • Manutenção da promessa de edificação de um convento.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Manic Monday

Há 23 anos, estávamos a entrar para a faculdade. Surgiu nesse preciso ano - 1986 - este tema das Bangles, ainda por cima cantado por aquela jovem - então - de seu nome Susanna Hoffs: Manic Monday. E, de facto, durante quatro anos, as nossas segundas-feiras foram assim...