domingo, 31 de maio de 2009

Editorial do DN


Editorial

União dos professores merece ser avaliada

A greve de quarta-feira fracassara e o momento escolhido para a manifestação era arriscado. O fim de ano lectivo e o período de exames eram, só por si, factores que podiam demover os professores de participarem no protesto. Depois, sendo sábado, implicava a concessão de um dia de descanso e, ainda por cima, com as temperaturas a convidarem muito para a praia, a esplanada, e muito pouco a uma marcha lenta sob um calor acima de 30 graus centígrados.
É por tudo isto que o número de manifestantes que ontem percorreram a Avenida da Liberdade - cerca de 70 mil - não só acaba por surpreender um pouco, como se trata de um sinal de união forte que o Governo deve saber interpretar.
Não está em causa a aplicação da reforma promovida por Maria de Lurdes Rodrigues, que todos, incluindo os sindicatos, já reconheceram ser globalmente positiva para o nosso ensino. Trata-se apenas de reflectir sobre o que significa a mobilização de tantos manifestantes, alguns dos quais garantem, inclusive, estar a produzir a avaliação imposta pelo Ministério da Educação, e continuar a procurar uma base de entendimento sólida com uma classe profissional tão importante para o futuro de qualquer nação, como é a dos professores.
Procura que tem de passar também pelos sindicatos, os quais não devem usar a dimensão da mobilização para tentarem desenterrar alguns radicalismos que os próprios professores já deram sinais de reprovar. E, muito menos, usarem o descontentamento dos professores para fazer campanha política. Mário Nogueira, no entanto, voltou a fazê-lo ontem, demonstrando mais uma vez que os seus interesses estão muito para além do Estatuto da Carreira e da avaliação de desempenho.
Um comportamento reprovável e que prejudica os professores nas negociações com o Governo.

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