terça-feira, 6 de maio de 2008

Rita

O casal Manuel e Rita simboliza o povo oprimido e esmagado. Ambas as personagens têm consciência da injustiça e miséria e de que são meros joguetes nas mãos dos poderosos. Sentem-se impotentes para alterar a situação e Gomes Freire é uma espécie de “Messias”, daí, talvez, a agressividade de Manuel em relação a Matilde, quando esta lhes pede que se revoltem e o ajudem a libertar. A prisão do general era para eles uma espécie de traição à esperança que o povo depositava nele.
Manuel e Rita simbolizam também a desesperança, a desilusão, a frustração do povo perante a situação miserável e opressiva em que vivem.

Vicente

  • é um elemento do povo que se encontra descontente, frustrado e revoltado com a sua condição social; tem inclusive vergonha das suas origens;
  • procura ultrapassar esse sentimento de inferioridade através de uma ascensão político-social rápida, obtida pela denúncia e pela traição;
  • o seu percurso é marcado por várias etapas:
    – provocador e agitador (início do acto I), procura denegrir a imagem de Gomes Freire;
    – espião (vigia a casa do general);
    – delator (espera uma recompensa ao denunciar o general);
    – acusador (confirma a existência das reuniões e indica o nome dos conspiradores);
  • representa a hipocrisia, o servilismo, o materialismo e o oportunismo daqueles que não olham a meios para atingir os seus fins;
  • adulador (conquista as simpatias dos governadores, pactua com a polícia);
  • calculista e hipócrita (responde a D. Miguel com frases dúbias para se certificar da sua posição em relação ao primo);
  • apenas acredita em duas coisas: no dinheiro e na força;
  • como recompensa do seu “trabalho”, é promovido a chefe da polícia, passando a ignorar e maltratar os conhecidos e os da mesma classe: “Olhou para mim como se nunca me tivesse visto. Estendi-lhe a mão e [Vicente] deu-me uma cacetada na cabeça!”;. suscita no espectador/leitor antipatia, no entanto Vicente é lúcido na análise que faz da sua situação de origem e da força corruptora do poder.

Antigo Soldado

Esta personagem representa os soldados que consideravam Gomes Freire de Andrade um herói. O “antigo soldado do regimento de Gomes Freire” (p. 13) mostra-nos a influência do general sobre os seus homens. Por um lado, faz deles defensores da liberdade, por outro, deixou-lhes o orgulho e a saudade dos tempos em que combatiam com ele (p. 17). “Gomes Freire é o seu herói.” (pp. 19 a 22), mas, como os outros populares, o Antigo Soldado não tem capacidade de reacção: “Prenderam o general... Para nós, a noite ainda ficou mais escura... E agora? (Ninguém responde)” (p. 99).
Ele, que agora se inclui no grupo dos populares miseráveis, recorda, nostálgica e orgulhosamente, os tempos em que combateu no exército comandado por Gomes Freire: “Aqui onde me vêem já andei nas guerras...” (p. 19). Mas agora ele é a prova viva de que Vicente tem razão quando afirma que os soldados, que fazem parte do povo, servem os generais só enquanto têm capacidades, depois são abandonados à sua vida miserável: “Este homem está aqui porque já não serve para nada. Ouviram? Está aqui porque já não interessa aos generais. O que eles querem é servir-se da gente! Quando um homem chega a velho e já não pode andar por montes e vales, de espingarda às costas, para eles se encherem de medalhas, tratam-no como um pobre fugido à polícia: abandonam-no, mandam-no para a porta das igrejas pedir esmola...” (p. 22).
No Acto II, são visíveis o sofrimento e a decepção do Antigo Soldado quando se dá a prisão do general. Acabrunhado, afirma: “Prenderam o general... Para nós, a noite ainda ficou mais escura...” (p. 80). É evidente o pessimismo da personagem ao fazer esta afirmação. Associados à noite surgem o obscurantismo em que vivia o povo e o desalento dos que acreditavam no general. Não há, agora, qualquer réstia de luz, isto é, qualquer esperança. Tristemente, o 1.º Popular, perante as palavras do Antigo Soldado, afirma em tom profético: “É por pouco tempo, amigo. Espera pelo clarão das fogueiras...” (p. 80). O clarão das fogueiras corresponderá à morte de Gomes Freire de Andrade, mas não, contrariamente ao que os governadores pensavam, ao final da luta pela liberdade.

Manuel

Manuel é o mais consciente dos populares.
Os andrajos que veste reflectem a miséria em que vive, enquanto as suas atitudes demonstram grande impotência para alterar a situação, da qual resulta um sentimento de conformismo e até de resignação, bem visível no início de ambos os actos, não obstante a esperança inicial posta no general Gomes Freire.
Através desta figura, Sttau Monteiro denuncia o sacrifício do orgulho nacional, vítima das invasões francesas, da opressão dos militares ingleses e da ausência do rei no Brasil. Por outro lado, é visível que Manuel compartilha da falta de ânimo do povo perante o ambiente de repressão e medo e que está muito consciente da situação que o rodeia (miséria, medo, ignorância, repressão, autoritarismo).
Após tomar conhecimento da notícia da prisão do general, fica profundamente desalentado e chega a ser agressivo para com Matilde, reconhecendo, no entanto, posteriormente, que a sua atitude foi injusta e desproporcionada.

Frei Diogo de Melo

Frei Diogo de Melo é uma personagem que contrasta claramente com principal Sousa, pois, se o primeiro encarna os valores cristãos e representa uma Igreja pura, espelho de honestidade, fé, amor ao próximo, caridade cristã e compaixão, o segundo defende e pratica o seu oposto.
De facto, Frei Diogo de Melo é um homem sério (p. 13) e confessor de Gomes Freire, daí que reconheça que este foi vítima de uma injustiça, para a qual contribuiu a Igreja. Chega mesmo a elogiá-lo, o que provoca a ira de principal Sousa.
Nos momentos em que ela patenteia todo o seu desespero, o frade pede a Matilde que “Não faça a Deus o que os homens fizeram ao general Gomes Freire: não O julgue sem O ouvir.” (p. 128), fazendo uso constante de uma linguagem que exprime sensibilidade, inocência e compreensão da dor.
No entanto, é de destacar que, embora contrarie, de certo modo, o poder religioso instalado, não o confronta abertamente (pp. 126-127).

A Lisboa d'OS MAIAS e de Cesário

Read this doc on Scribd: Guião da visita de estudo a Lisboa

Literatura


Read this doc on Scribd: Curso Literatura Mundo Cultural PDF

Power Point 2

Read this doc on Scribd: Felizmente Há Luar

Power Point


Síntese da obra - Power Point

Read this doc on Scribd: Memoral do Convento PPt Tirado da Net