segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Aula 19

. Análise e esquematização dos textos alusivos ao Modernismo
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-----Definição de Modernismo: «Entende-se por Modernismo um movimento estético em que a literatura surge associada às artes plásticas e por elas influenciada, empreendido pela geração de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros, sob o influxo da arte e da literatura mais avançadas na Europa, ou em uníssono com elas. Este movimento brota no segundo decénio do século XX, na sequência do Simbolismo (Camilo Pessanha) e do Saudosismo (Teixeira de Pascoaes).» (Jacinto do Prado Coelho, in Dicionário da Literatura).
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-----Delimitação:

  • 1.ª perspectiva: desde finais do século XIX (cerca de 1890) até depois da Segunda Guerra Mundial, mesmo até finais dos anos 50 - Pós-Modernismo);
  • 2.ª perspectiva: das vésperas da Primeira Guerra Mundial até à Segunda Guerra Mundial.
-----Génese - Textos que estiveram na origem do Modernismo português:
-----» Artigos publicados por Fernando Pessoa na revista "A Águia": «A Nova Poesia Portuguesa sociologicamente considerada» e «A Nova Poesia Portuguesa no seu aspecto psicológico»;
-----» Textos de Mário de Sá-Carneiro:
----------. primeiro livro de contos - Princípio -, em Outubro de 1912;
----------. composição do poema "Dispersão", entre Fevereiro e Maio de 1913;
----------. composição da novela O Homem dos Sonhos, em Março de 1913;
----------. composição da novela O Fixador de Instantes, em Julho de 1913;
----------. composição da novela Mistério, em Agosto de 1913;
----------. A Confissão de Lúcio, em Setembro de 1913.
-----» Outros textos de Fernando Pessoa:
----------. Na Floresta do Alheamento (1913);
----------. O Marinheiro (1913);
----------. poema «Pauis» (Fevereiro de 1914), que assinala a estreia poética de Pessoa e a ruptura com o saudosismo e que dá origem à primeira corrente cosmopolita e modernista chamada «Paulismo», ainda que efémera.
-----» Lançamento da revista Orpheu (2 números), em 1915, concretizando-se assim um projecto inicialmente pensado por Luís de Montalvor, ao regressar do Brasil.

. Análise do poema XXXVI:
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-----. Tema: a negação e crítica à poesia artificial e mecânica.
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-----. Desenvolvimento:
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-----O sujeito poético começa por se referir ironicamente a um «tipo» de poetas: aqueles que «não sabem florir», expressando um misto de espanto e tristeza ("Que triste não saber florir!") perante esses mesmos poetas que trabalham nos seus versos como os artífices (carpinteiros e trolhas) trabalham nas suas obras: polindo, ajustando, fazendo, desfazendo, refazendo. Ou seja, o sujeito poético critica a poesia mecânica e artificial que está aqui em causa.
-----Ora, por oposição a essa forma de criar poesia, ele defende a espontaneidade e a simplicidade do acto poético , que deve resultar da «imitação» da / da identificação com a Natureza, pela sua beleza e constante novidade, resultante de ser sempre igual.
-----E mesmo reconhecendo a impossibilidade de compreensão entre ele e as flores, o sujeito sabe que em ambos mora a verdade e que há uma "comum divindade" que lhes permite usufruir dos encantos da Terra, das "Estações contentes" e dos cânticos do vento (aqui reside o panteísmo sensualista e o sensacionismo puro da poesia de Caeiro). Para que isto suceda, deve evitar-se a abstracção do pensamento e privilegiar uma relação natural, espontânea ("como quem respira" com a "única casa artística" que é a "Terra toda").
-----Em suma, a poesia deve ser tão espontânea e natural como o acto de respirar ou de florir.

. Correcção do teste de avaliação.

. Chamada de atenção para alguns dos erros detectados e mais frequentes.

Aula 18

. Breve análise do poema V de O Guardador de Rebanhos:
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-----Ideias centrais:
  • A recusa do pensamento, da metafísica, do sentido oculto das coisas (= doença) ("Há metafísica bastante em não pensar em nada. / O que pensou eu do Mundo? / Sei lá o que penso do Mundo! / Se eu adoecesse pensaria nisso."; Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores...?");
  • A aceitação do Mundo tal qual ele é e que só se conhece através das sensações, que «tudo ensinam» e que nenhum mistério encerram;
  • A recusa da noção do Deus transcendente, invisível, impalpável, misterioso ("Não acredito em Deus porque nunca o vi."). Pelo contrário, Cadeiro aceita o Deus que está visível nas «coisas» da Natureza ("Mas se Deus é as flores e as árvores / (...) Então acredito nele a toda a hora (...)"), o que remete para os conceitos de paganismo e de panteísmo.
. Correcção da ficha de trabalho sobre coesão.

. Observação de textos informativos sobre o Modernismo.

. Entrega e correcção do teste escrito de avaliação.

Coesão textual