segunda-feira, 19 de julho de 2010

Matemática, essa besta negra!

          Daqui a menos de cinco horas, umas dezenas de milhar de alunos confrontar-se-ão, pela segunda vez este ano, com o exame de Matemática A.
          Este momento fez-nos recuperar uma notícia do Público de há três semanas, que informava que o Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa, realizou há uns anos uma prova de aferição para testar as dificuldades de que os seus alunos eram portadores (à saída do ensino secundário). Uma das perguntas era simples: quanto é um meio mais um meio? Além disso, era de escolha mútipla. Não obstante, 27 %, isto é, mais de um quarto dos alunos, não souberam responder.
          Como é isto possível?
          Vamos por partes. Por mera brincadeira, tentei resolver o exame de Matemática do 9.º ano de 2010. Para minha grande surpresa, constatei que praticamente metade do dito era resolúvel usando apenas o senso comum, daí que tenha obtido uma pontuação entre os 45 e os 50 pontos, deixando de lado equações e outro tipo de exercícios que do «meu» programa não faziam parte. Talvez resida aqui uma das explicações: se eu consegui aquele brilharete, como é que cerca de 50% dos alunos do 9.º ano não o conseguiram?
          Na notícia acima referida, os professores do ensino superior com quem a jornalista chegou à fala deixaram escapar uma série de ideias que sintetizo nas seguintes citações: «(ausência de) hábitos de trabalho e (de) espírito de sacrifício»; «cultura de facilitismo»; «comportamento»; «Classifico-os como uma geração wikipedia: satisfazem-se muito facilmente com conhecimentos superficiais»; «Há ausência de consolidação de conceitos e os alunos estão viciados no uso da calculadora.»; «São ensinados a não pensar...»; «há menos maturidade»; «É preciso treinar o raciocínio abstracto e a verdade é que já nem sabem somar fracções, multiplicar potências...»; «... ao disseminar-se a ideia de que o ensino tem de ser muito divertido esqueceu-se a importância, por exemplo, da memorização.»; «Tenho muitos alunos que não sabem a tabuada e que ainda contam pelos dedos...»; «Criou-se a ideia de que a aprendizagem não é dolorosa. Há um culto do facilitismo e de desvalorizar o conhecimento que se acentuou com os cursos de três anos [referência a Bolonha]».
          E, no entanto, no meio desta noite de breu, duas afirmações: «... os alunos de hoje não são menos inteligentes, não se trabalha é o que têm...»; «Os alunos são igualmente inteligentes. A formação é que é o problema.».
          De quem é a CULPA deste CRIME? Há um edifício em Lisboa que a tem vindo a armazenar há duas décadas. Não haverá por aí nenhum Ben Laden que a derrube?