quinta-feira, 28 de maio de 2009

Transgressões - Código religioso

  • Sumptuosidade que rodeia a edificação do convento (pp. 365-6) vs a simplicidade e a humildade, essência dos valores cristãos;
  • Recrutamento de homens à força para as obras do convento;
  • Construção da passarola vs a proibição de ascender a um plano superior / divino (p. 198) - 4 pilares de solidez do projecto: Bartolomeu, Baltasar, Blimunda e Scarlatti;
  • A castidade vs a promiscuidade / as relações sexuais nos conventos;
  • As estátuas dos santos (p. 344) vs a santidade humana (p. 342);
  • Missa enquanto espaço de vivência espiritual (p. 145) vs a missa enquanto espaço de namoros e de econtros clandestinos (pp. 43, 162 e 236);
  • A bênção de Deus vs a bênção dos homens;
  • O funeral do infante D. Pedro, um espectáculo de pompa e circunstância vs funeral do sobrinho de Baltasar, manifestação isolada de dor.

Resumo - Cap. XIII

----- A passarola mostra sinais de degradação pelo abandono a que está votada: os arames e os ferros enferrujaram-se e os panos cobriram-se de mofo; o vime, ressequido, destrança-se. Perante este cenário e enquanto o padre Bartolomeu não regressa, Baltasar recomeça os trabalhos: constrói uma forja, visita um ferreiro e vê como se faz o fole.
----- Quando o padre chega, é surpreendido pelo fole pronto, peça por peça desenhada e feita por Baltasar. «Um dia voarão os filhos do homem.», prognostica. Seguidamente, encomenda a Blimunda a recolha de duas mil vontades humanas para que, juntamente com o âmbar e imãs, seja possível fazer voar a passarola. Quanto a Baltasar, o padre indica-lhe onde comprar ferro, vime e peles para os foles. De tudo ele pede absoluto segredo.
----- Assim, durante cerca de um ano o trio constrói a passarola, enquanto novas procissões desfilam pelas ruas de Lisboa, para gáudio de todos os que assistem (nobreza, clero e povo).

Transgressões - Código escrito

----------Memorial do Convento é uma obra dominada pela noção de transgressão, seja no domínio da escrita, do social, do religoso...

----------A nível da escrita, essa ideia de transgressão está presente nos seguintes aspectos:
----------------. a desconstrução e reconstrução das regras da pontuação;
----------------. a diversidade de registos de língua:
--------------------- o registo popular, nomeadamente o calão («merda»);
--------------------- o registo familiar;
--------------------- o registo cuidado;
----------------. a inversão de expressões bíblicas e de provérbios / adágios populares;
----------------. os aforismos («Não está o homem livre... com a verdade...»);
----------------. os jogos de palavras.

Resumo - Cap. XII

A tragédia ronda as personagens da obra: o filho mais velho de Inês Antónia e Álvaro Diogo morreu há três meses de bexigas; Álvaro tem a promessa de conseguir emprego na construção do convento; Marta Maria sofre de dores terríveis no ventre. Já João Francisco está infeliz porque o filho partirá novamente para Lisboa, enquanto Blimunda foi à missa em jejum e viu que dentro da hóstia também havia uma nuvem fechada, vontade dos homens...
O padre Bartolomeu de Gusmão escreve de Coimbra: primeiro, diz ter chegado bem; posteriormente envia uma nova missiva solicitando que seguissem para Lisboa "tão cedo quanto pudessem". Por sua vez, o rei prepara-se para se deslocar a Mafra no intuito de inaugurar a obra do convento. Baltasar e Blimunda conseguem um lugar na igreja. No dia seguinte forma-se a procissão e o rei marca presença no evento. De seguida, a pedra principal é benzida, com tanta a pompa que os gastos ascendem a cerca de duzentos miI cruzados.
Finda a «festa», Baltasar e Blimunda partem para Lisboa. A mãe, Marta Maria, despede-se do filho dizendo que não o tornará a ver. Blimunda e Sete-Sóis dormem na estrada. Por fim chegam à quinta onde esperariam o padre voador. Mal chegam, chove.