. Correcção da actividade de diagnose
1. No texto, estão presentes diversos traços linguísticos diferenciadores entre o português de Portugal e o do Brasil. Esquematicamente:
a utilização do determinante possessivo sem artigo a precedê-lo («Mal iniciara seu discurso...»);
a colocação do pronome reflexivo antes do verbo («... os demais deputados se agrupavam em torno do orador...»);
a colocação do pronome átono antes do verbo («...me tira desta...»);
a ausência das consoantes surdas em palavras como «corretamente» e «exceções»;
a utilização diferente de algumas preposições («... levava sempre o verbo ao plural...»);
o uso do trema, por exemplo no título;
o uso de «brasileirismos» («registram»).
2.1. Antes de mais, convém relembrar o significado do termo «embatucar»: calar-se; ficar atrapalhado. Assim, podemos afirmar que o deputado «embatucou», visto que não sabia como continuar a frase que iniciara. Com efeito, ele desconhecia se a expressão «Não sou daqueles que...» exigia o verbo no singular ou no plural. E é esta dúvida que o vai atormentar ao longo de todo o texto.
2.2. Para adiar a conclusão da frase que iniciara, o deputado «resolveu ganhar tempo», primeiro intercalando diversas orações e, seguidamente, fingindo ter ouvido um aparte de um dos outros deputados que necessitaria de uma explicação e que, na verdade, nunca existiu, como o demonstra o espanto do visado («Eu? Mas eu não disse nada...»).
3. O vocábulo «Casa» refere-se ao Parlamento e o uso da maiúscula inicial é uma forma de expressar o respeito e a deferência por aquele órgão de soberania.
4. A palavra «questiúncula» significa «questão fútil», «discussão sem importância», enquanto o termo «gramaticóide», nomeadamente o sufixo «óide», de origem grega, remete para a ideia de aparência, forma, sendo utilizado ,com alguma frequência, em sentido pejorativo. Assim sendo, ambas as palavras representam uma desvalorização do problema em questão.
5. A referência aos versos de Olavo Bilac simboliza a angústia e o desespero do deputado por não conseguir concluir a frase, bem como o facto de o tempo da sua intervenção se estar a esgotar («a agonia da tarde»).
6. Basta pensarmos, por exemplo, no humor dos Gato Fedorento para concluir que aquele constitui uma forma de crítica social. Neste texto, o humor serve para criticar a classe política, pela sua falta de cultura (linguística, por exemplo), pelos seus discursos vazios, sem conteúdo, e pela conivência que se estabelece entre todos, visto que, no final da crónica, o deputado é aplaudido entusiasticamente e «vivamente cumprimentado», não obstante as suas dificuldades com a língua portuguesa e não ter produzido uma ideia nem uma única frase com sentido.
1.1. Não sou daqueles que recusam as responsabilidades.
1.2.
-----a) No Parlamento, houve muitos deputados espantados com as hesitações do colega.
-----b) Hesitações, repetições, orações intercaladas, nada resolvia o problema do deputado.
-----c) Aquilo eram só disparates.
-----d) Nem os deputados nem o Presidente percebiam o que o deputado queria dizer.
-----e) O deputado, os colegas, o presidente, ninguém conhecia a regra da concordância aplicável naquele caso.
-----f) Este deputado está entre os muitos que desconhecem as regras do bom funcionamento da língua.
. Regras de concordância do sujeito e do verbo. (vide Gramática)
. Visionamento do «sketch» "Assalto":
. Exercício de compreensão oral a partir do «sketch» visionado.