- A subserviência e o vazio dos gestos repetidos e inúteis por parte do enxame de cortesãos que rodeiam o rei e a rainha.
2. Entrudo e Quaresma:
- A religião como pretexto para a prática de excessos (satisfação dos prazeres carnais) e brincadeiras carnavalescas (as pessoas comem e bebem em demasia, dão "umbigadas pelas esquinas", atiram água à cara umas das outras, batem nos mais desprevenidos, tocam gaitas, espojam-se nas ruas...);
- A penitência física e a morificação da alma após o desregramento durante o Entrudo (é tempo de "mortificar a alma para que o corpo finja arrepender-se...");
- As manifestações de fé caracterizadas pela histeria (as pessoas arranham-se, arrastam-se pelo chão, puxam os cabelos, esbofeteiam-se, autoflagelam-se);
- A sensualidade e o mistcismo.
3. Histórias de milagres e de crimes:
- A superstição e a crendice;
- A superficialidade;
- A libertinagem.
4. Autos-de-fé:
- A repressão religiosa e política;
- O fanatismo;
- O carácter sanguinário das diversas classes (o celebrar e festejar a morte);
- A procura de emoções fortes que preencham o vazio da existência;
- A futilidade, a vaidade e os jogos de sedução femininos (a preocupação com as toilettes, os sinaizinhos no rosto, as borbulhas encobertas...).
5. Baptizados e funerais régios:
- O luxo e a ostentação;
- A vida e a morte como espectáculos.
6. Elevação a cardeal do inquisidor D. Nuno da Cunha:
- O luxo e a ostentação.
7. Vida conventual:
- A libertinagem e a devassidão;
- O desrespeito pelas normas religiosas.
8. Touradas:
- O sangue a morte como espectáculo e divertimento (a tortura dos touros, o sangue, as feridas, as "tripas").
9. Procissão do Corpo de Deus:
- O luxo e a ostentação;
- A sobreposição do profano ao sagrado;
- A libertinagem e a vida dissoluta do rei;
- A histeria e o fanatismo (as pessoas batem em si próprias e aos outros).
10. Cortejo de casamento:
- O casamento da realeza;
- A vida feminina;
- O luxo e a ostentação desmedidos;
- O contraste desse luxo com a fome e a miséria do povo, que luta pela sobrevivência e se entrega a comportamentos imorais;
- O estado deplorável dos caminhos.
11. Trabalho no convento:
- A servidão e a escravidão populares (os homens são obrigados, na maioria dos casos, à força de armas, ou voluntariamente, na mira de um salário e de alimentação certa, a abandonar as suas casas e a construir o convento, vivendo em barracões, executando um trabalho desmedido e roídos por doenças venéreas).
Em suma, Lisboa é representada como um espaço infecto, alimentado pelo ódio (aos judeus e aos cristãos-novos), pela corrupção moral eclesiástica, pelo poder repressivo e hipócrita do Santo Ofício e pelo poder autocrático do rei.
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