quarta-feira, 21 de maio de 2008

Espaço social

1. Paço:


  • A subserviência e o vazio dos gestos repetidos e inúteis por parte do enxame de cortesãos que rodeiam o rei e a rainha.

2. Entrudo e Quaresma:

  • A religião como pretexto para a prática de excessos (satisfação dos prazeres carnais) e brincadeiras carnavalescas (as pessoas comem e bebem em demasia, dão "umbigadas pelas esquinas", atiram água à cara umas das outras, batem nos mais desprevenidos, tocam gaitas, espojam-se nas ruas...);
  • A penitência física e a morificação da alma após o desregramento durante o Entrudo (é tempo de "mortificar a alma para que o corpo finja arrepender-se...");
  • As manifestações de fé caracterizadas pela histeria (as pessoas arranham-se, arrastam-se pelo chão, puxam os cabelos, esbofeteiam-se, autoflagelam-se);
  • A sensualidade e o mistcismo.

3. Histórias de milagres e de crimes:

  • A superstição e a crendice;
  • A superficialidade;
  • A libertinagem.

4. Autos-de-fé:

  • A repressão religiosa e política;
  • O fanatismo;
  • O carácter sanguinário das diversas classes (o celebrar e festejar a morte);
  • A procura de emoções fortes que preencham o vazio da existência;
  • A futilidade, a vaidade e os jogos de sedução femininos (a preocupação com as toilettes, os sinaizinhos no rosto, as borbulhas encobertas...).

5. Baptizados e funerais régios:

  • O luxo e a ostentação;
  • A vida e a morte como espectáculos.

6. Elevação a cardeal do inquisidor D. Nuno da Cunha:

  • O luxo e a ostentação.

7. Vida conventual:

  • A libertinagem e a devassidão;
  • O desrespeito pelas normas religiosas.

8. Touradas:

  • O sangue a morte como espectáculo e divertimento (a tortura dos touros, o sangue, as feridas, as "tripas").

9. Procissão do Corpo de Deus:

  • O luxo e a ostentação;
  • A sobreposição do profano ao sagrado;
  • A libertinagem e a vida dissoluta do rei;
  • A histeria e o fanatismo (as pessoas batem em si próprias e aos outros).

10. Cortejo de casamento:

  • O casamento da realeza;
  • A vida feminina;
  • O luxo e a ostentação desmedidos;
  • O contraste desse luxo com a fome e a miséria do povo, que luta pela sobrevivência e se entrega a comportamentos imorais;
  • O estado deplorável dos caminhos.

11. Trabalho no convento:

  • A servidão e a escravidão populares (os homens são obrigados, na maioria dos casos, à força de armas, ou voluntariamente, na mira de um salário e de alimentação certa, a abandonar as suas casas e a construir o convento, vivendo em barracões, executando um trabalho desmedido e roídos por doenças venéreas).

Em suma, Lisboa é representada como um espaço infecto, alimentado pelo ódio (aos judeus e aos cristãos-novos), pela corrupção moral eclesiástica, pelo poder repressivo e hipócrita do Santo Ofício e pelo poder autocrático do rei.

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