Grupo I
A
1. As duas personagens, principal Sousa e D. Miguel, dois dos governantes, constatam que o povo abandonou a sua atitude de medo, de conformismo e de resignação, passando a evidenciar a sua revolta contra a situação que vive.
-----Essa mudança está bem evidenciada no facto de cantar músicas com letras subversivas, de colar panfletos apelando à revolução nas portas das igrejas, de falar abertamente de revolução («antro de revoltados») e de actos de violência («guilhotinas») e de se querer instruir («... é cada vez maior o número dos que só pensam aprender a ler.»).
2. São vários os sentimentos que a mudança de comportamento do povo desperta nos dois governadores.
-----Assim, no caso de principal Sousa, nota-se o seu ódio («... o ódio que tenho aos Franceses...»), a sua exaltação / estupefacção / indignação perante o comportamento popular («Veja, Sr. D. Miguel, como eles transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num antro de revoltados.»), a sua decisão / determinação em sufocar a revolta e manter o estado de coisas («Temos uma missão a cumprir (...): a de conservar no jardim do Senhor este pequeno canteiro português.»), bem como o desprezo / ódio que sente por Beresford e o desgosto / a forma contrariada como aceita o seu auxílio («Ao que o mundo chegou, para que me veja obrigado a aceitar o auxílio de um herege a fim de combater outros hereges...»).
-----Relativamente a D. Miguel, sente-se desiludido / desanimado («Fala como um homem desiludido.»), descrente / impotente para deter o rumo dos acontecimentos («A polícia não chega para arrancar os pasquins revolucionários das portas das igrejas...») e esperançado («Se a Europa nos desse ouvidos...»), esperança essa que, pelo seu carácter fraco e pouco resoluto, logo se desvanece.
3. Beresford é um militar («Beresford vem fardado») decidido / determinado / convicto («A Europa... Deixai-a, que ela nem se perde nem carece dos vossos conselhos.»), prático / pragmático («... não vim aqui para perder tempo com conversas filosóficas...»), irónico / sarcástico relativamente a principal Sousa («Poupe-me os seus sermões, Reverência. Hoje não é domingo e o meu senhor não é vassalo de Roma.»), materialista / interesseiro por desejar conservar, a todo o custo, o seu posto e o «vencimento» («... da decisão que tomarmos, dependem a cabeça de V. Ex.ª, Sr. D. Miguel, os meus 16 000$ anuais...»).
4. São vários os recursos estilísticos presentes no excerto:
Metonímia: «Se a Europa nos desse ouvidos...»;
Comparação: «O mundo parece atacado de loucura...»;
Antítese: «... combate eterno entre o bem e o mal...»;
Adjectivação: «(missão) sagrada e penosa»;
Metáfora / Imagem: «... jardim do Senhor...»; «... este pequeno canteiro português...»;
Apóstrofe: «Excelências»;
Ironia: «Hoje não é domingo e o meu senhor não é vassalo de Roma.».
B
-----A partir do poema «Autopsicografia», fazer referência, por exemplo:
- A arte nasce da realidade: a dor realmente sentida pelo poeta;
- A poesia não é a representação directa da realidade, antes consiste no fingimento dessa realidade: a dor fingida;
- O fingimento / intelectualização da realidade deve ser objectivada em texto (o poema);
- O fingimento é expresso de forma tão intensa / «autêntica» que parece mais autêntico do que a própria realidade;
- Ao leitor está destinada a fruição artística do poema.
Grupo II
Versão 1:
-----1. A
-----2. C
-----3. B
-----4. A
-----5. D
-----6. A
-----7. C
-----8.
--------. 1 - e
--------. 2 - f
--------. 3 - g
--------. 4 - a
--------. 5 - b
Versão 2:
-----1. B
-----2. B
-----3. A
-----4. C
-----5. A
-----6. C
-----7. D
-----8.
--------. 1 - d
--------. 2 - e
--------. 3 - f
--------. 4 - h
--------. 5 - a
3 comentários:
Boa noite. Tenho uma dúvida em relação à pergunta B. A minha resposta é a seguinte:
"Concordo com a afirmação. A poesia ortónima, em poemas como "Autopsicografia" e "Isto" e em versos como "o poeta é um fingidor" e "o que em mim sente 'st'a pensando", apresenta-nos a "chave" da sua poesia.
Os heterónimos, trabalhados laboriosamente à imagem de ideias avulsas de Pessoa, não apontam, nem para o Pessoa "ele mesmo", nem para nenhuma teoria sobre a criação de obras de arte: Reis fala da efemeridade da vida, Campos de si e da máquina e Caeiro da Natureza.
O ortónimo, com a Teoria do Fingimento Poético (o poeta modela as suas emoções através da razão e cria uma obra de arte), desvenda a sua forma de criação e assume-se como o verdadeiro Fernando Pessoa".
Se fosse a professora (acho que é professora) a corrigir quantos pontos me daria?
Desde já o meu obrigado.
Não lhe posso dar uma resposta, pepa razão que passo a expor. Os professores convocados para a correcção dos exames nacionais terão uma reunião prévia onde acordarão alguns critérios de correcção desta pergunta / resposta, pelo que muito dependerá das conclusões a que chegarem.
De qualquer forma, penso que fugiu um bocadinho à pergunta ao referir-se aos heterónimos da forma como o fez. Poderia tê-los relacionado, talvez, associando a teoria do fingimento à criação de heterónimos, isto é, entidades poéticas que Pessoa criou e a quem atribuiu «personalidades» e temáticas literárias, nalguns casos, complementares, noutros, radicalmente diferentes das do ortónimo.
Obrigado. Contudo, temos que ver que pedia para comentar a afirmação, não pedia explicitamente para falar da teoria do fingimento poético. Essa teoria era sim, a chave para desvendar o mundo criativo de Fernando Pessoa. Fiz referencia aos poemas e a versos, comentei a diferença em relação aos heterónimos e expliquei sucintamente a teoria do fingimento poético, relacionando com a criação artística. Pelo menos foi o que achei que devia ser feito.
Obrigado.
Enviar um comentário