- centro e símbolo de Portugal;
- capital do reino, onde está instalado o governo e onde se inicia a revolta popular, que só posteriormente se alarga à província (pp. 55 e 64);
- espaço de contrastes, que permite o confronto claro entre o poder e o povo;
- cidade do descontentamento e das fogueiras (lembrando os autos-de-fé);
- espaço de opressão, delação, injustiça, violência...
Rua:
-» espaço mais adequado para revelar o homem nas suas relações sociais (segundo Brecht);
-» por isso, o cenário não apresenta uma rua definida, específica, mas somente os objectos que indiciam a miséria popular (pp. 16 e 18);
-» espelho do quotidiano do povo oprimido;
-» palco da vida dos pobres, dos pedintes, dos injustiçados, dos que lutam ingloriamente pela justiça e pela liberdade, em suma, do povo andrajoso, miserável, uma multidão de aleijados e doentes;
-» miséria, opressão, injustiça...;
-» impotência popular perante o decurso dos acontecimentos, nomeadamente a prisão de Gomes Freire (início do acto II);
Baixa:
-» sede da Regência (espaço interior);
-» as três cadeiras pesadas e ricas e com aparência de tronos (p. 47) simbolizam as três faces do poder (D. Miguel -> poder civil; Beresford -> poder militar; principal Sousa -> poder religioso), bem como a opulência e a riqueza dos governadores, que contrastam com a miséria do povo;
-» a indumentária que envergam traduz a riqueza, o luxo e a ostentação dos poderosos;
-» o criado de libré e as suas atitudes traduzem a sua dependência relativamente ao patrão e a absorção das regras das camadas mais elevadas da sociedade (daí o distanciamento e o desprezo com que ele se dirige a Matilde).
- Rato:
-» casa de Gomes Freire e de Matilde;
-» a cadeira tosca onde se senta Matilde (p. 83), contrastante com as três cadeiras dos governantes, reflecte a falta de recursos económicos do casal e a sua dependência socioeconómica.
- Loja maçónica da Rua de S. Bento e botequim do Marrare: locais que assumem dimensão política revolucionária.
- Sé: traduz também a miséria popular (lugar onde o povo pedia esmola: "Na Páscoa, à porta da Sé, fiz o bastante para comer durante três dias..." - p. 100).
- Tejo: local onde Manuel faz a "descarga das barcaças".
- S. Julião da Barra (espaço oito vezes referenciado entre as pp. 126 e 129):
-» a prisão de Gomes Freire;
-» as condições desumanas e indignas em que se encontra preso o general.
- Serra de Santo António: local de onde se avista S. Julião da Barra.
- Campo de Sant'Ana (pp. 131 e 137): local das execuções dos presos.
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