quarta-feira, 19 de maio de 2010

D. Maria Ana Josefa

          D. Maria Ana, de origem austríaca (veio da Áustria há dois anos), tornou-se rainha de Portugal ao casar com D. João V.
          A rainha é apresentada como uma personagem muito religiosa, beata até, submissa e medrosa. Por outro lado, a sua relação matrimonail deixa-a extremamente insatisfeita, quer amorosa quer sexualmente, desempenhando sempre um papel passivo. Os reis não dormem juntos, mantêm relações sexuais duas vezes por semana apenas para tentar conceber um herdeiro, não comunicam. Essa insatisfação leva-a a ter sonhos eróticos com o cunhado, o infante D. Francisco, facto que lhe acarreta novos problemas, pois vive atormentada pela consciência de estar em pecado, já que considera os sonhos um «acto» vergonhoso e criminoso, um pecado que atenta contra a castidade. Consequentemente, procura superar os remorsos e o sentimento de culpa, cumprindo penitência, rezando e peregrinando pelas igrejas, em missas e novenas intermináveis. Como afirma o narrador, D. Maria Ana é somente a «devota parideira que veio ao mundo só para isso».
          Vive num ambiente de repressão, constantemente vigiada pela família à distância, com poucas ocupações e temas de conversas com as aias - ambiente esse de que procura fugir através do sonho - e cheia de saudades de casa.

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