segunda-feira, 17 de março de 2008

3. A descoberta do caminho marítimo para a Índia

A partir dos inícios do século XIV, Portugal centra a sua atenção no mar e reforça a sua condição marítima.
Um dos grandes feitos praticados pelos nautas portugueses foi a chegada à Índia por mar, uma empresa impulsionada por D. Manuel I que, em 1497, enviou uma armada de quatro navios, com cerca de cento e cinquenta homens, liderada por Vasco da Gama. O objectivo régio estava relacionado com as informações, enviadas por Pêro da Covilhã, que chegou a Calecute em 1488, ao seu antecessor, D. João II, segundo as quais aquela cidade indiana constituía um entreposto fundamental em todo o comércio do Oriente, disseminado por uma complexa rede que penetrava no golfo Pérsico e no mar Vermelho, outra que se dirigia para o golfo de Cambaia e mais duas para Bengala e para Malaca. D. Manuel I procurava, precisamente, «tomar conta» destas redes comerciais, daí ter enviado Vasco da Gama para negociar com o rei de Calecute um acordo de comércio, instalando aí uma feitoria portuguesa, se tal lhe fosse permitido, para dar início ao comércio de especiarias.

A frota de Vasco da Gama era constituída por quatro embarcações: as naus São Gabriel (capitaneada por Vasco da Gama) e São Rafael (comandada por Paula da Gama), uma caravela, ou uma nau (as opiniões a este respeito divergem), capitaneada por Nicolau Coelho, conhecida por Bérrio (nome cuja origem radica no apelido do seu piloto), e uma nau que servia como navio de apoio (comandada por Gonçalo Nunes).

A armada saiu da barra do Tejo, no Restelo, a 8 de Julho de 1497. Seguidamente, passou pelas Canárias, deteve-se em Cabo Verde, deu uma larga volta pelo Atlântico Sul e passou o Cabo da Boa Esperança em 22 de Novembro de 1497.

Entre o Natal desse ano e 24 de Abril de 1498, a armada explorou a costa oriental de África, e a 18 de Maio atingiu a Índia a norte de Cananor, tendo regressado a Lisboa em 10 de Julho de 1499.

A viagem encetada e concluída por Vasco da Gama abriu a Carreira da Índia, ou Rota do Cabo, isto é, a ligação marítima regular entre o Ocidente e o Oriente, o que possibilitou estabelecer trocas comerciais, alargar e consolidar o império português, difundir a língua e a cultura portuguesas e transmitir os valores e ideais da religião cristã. Por outro lado, permitiu aos europeus um conhecimento verdadeiro sobre o continente africano, o Oriente e a América do Sul, as suas gentes e costumes, a fauna e a flora.

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