Matilde, Sousa Falcão e Frei Diogo constituem o grupo de amigos do general, que age em nome do amor, da amizade e da caridade cristã, respectivamente.
1. Origens:
Seia;
ambiente pobre e religioso.
2. Retrato físico:
vestida de negro (sinal de luto pela prisão do general);
desgrenhada (sofrimento e estado de alucinação causados pela prisão do general).
3. Retrato moral:
grande sentido de justiça e lealdade;
grande nobreza de carácter;
digna e simples, apesar do desprezo com que é tratada por ser a amante do general.
4. Matilde -> General:
apaixonada;
carinhosa;
grande ternura;
sensível;
sonhadora (recorda com saudade os tempos pobres, mas felizes, vividos por ambos).
5. Matilde -> após a prisão do general:
inundada pela dor, pelo rancor, pela raiva, pela angústia e pelo desespero;
vive uma crise de valores: mostra-se disposta a ceder perante o poder instituído em troca da via do general, chega a questionar os valores que nortearam a vida de Gomes Freire;
tudo faz para o salvar:
-> humilha-se perante Beresford;
-> ajoelha-se perante principal Sousa e implora-lhe que salve o seu amado.
- vive um estado de alucinação, loucura e delírio -> denúncia do absurdo a que a intolerância e a violência conduzem o ser humano;
- acaba por transformar a tragédia (morte do general) num momento de esperança e apelo à modificação da situação.
- ousada e resoluta;
- determinada e decidida;
- combativa e corajosa;
- revoltada;
- inconformada perante a falsidade, a opressão, a deslealdade, a injustiça e a intolerância;
- escarnece e desmascara a hipocrisia dos governadores;
- mantém um discurso agressivo, crítico e sarcástico em certas falas com os governadores;
- faz uso de um tom arrogante e desafiador, de desprezo;
- porém, em gesto de desespero, humilha-se por momentos para salvar Gomes Freire.
Matilde é uma mulher lúcida e corajosa, de carácter forte perante a vilania, vibrante nas palavras de paixão. Recusa a hipocrisia e odeia a injustiça e o materialismo.
Amante, esposa e companheira de todas as horas, não suporta a separação do homem que ama, acabando por se revelar uma espécie de alterego de Gomes Freire. Quer isto dizer que é impossível dissociar o clamor de revolta de Matilde do general, e uma vez que ele não pode provar a sua inocência, será ela a tentar fazê-lo, invectivando os seus três principais adversários, pois não crê que a acusação se mantenha nem que a condenação venha a ocorrer quando os acusadores constatarem, em consciência e com justiça, que a acusação é falsa: "Serei, então, a voz da sua consciência. Ninguém consegue viver sem ouvir a voz da consciência, António." (p. 88).
Existe, porém, outra Matilde: a mulher. Neste caso, é o símbolo do Feminino, revelado durante os diálogos que mantém, onde se assume como o arquétipo da mulher que ama e sofre porque ama. O seu discurso revela o seu sofrimento íntimo, bem como o de todos aqueles que, vendo-se separados do ser que os completa, se sentem despojados da unidade que simbolizam: "(...) Amante dum traidor... e assim acabamos a vida... Tu, que deste aos homens tudo o que tinhas e viveste de mãos abertas, acabas enforcado com o rótulo de traidor. E eu... que nasci tua mulher, morro tua (...) amante! Nem me recebem, meu amor. (...) Chegamos ao fim da vida - matam-nos e nem nos consideram dignos de uma explicação. Tratam-nos assim, como se nunca tivéssemos existido..." (p. 120).
O seu discurso funciona como uma resposta ao discurso oficial, apoiado nos textos bíblicos, ainda que estes surjam com uma interpretação duvidosa: "(...) Senhor, se te lembras da cruz, permite que o meu homem morra de cabeça levantada! Não vos peço nada para mim. Mais: troco a minha vida pela dele! Fazei-me sofrer, matai-me torcida de dores e abandonada de todos, mas a ele, dai-lhe uma morte que o não mate de vergonha!" (pp. 97-98).
1 comentário:
Muito bom :)
Enviar um comentário