sexta-feira, 9 de abril de 2010

Manuel

A primeira personagem a ocupar a cena é Manuel, apresentado na didascália que «informa» sobre as personagens da peça como «o mais consciente dos populares». De facto, a personagem está plenamente consciente da situação que a rodeia, marcada pela miséria, pelo medo, pela ignorância, pela repressão, pelo autoritarismo.
As suas vestes denunciam, desde logo, a miséria em que vive e que é extensível ao resto da classe a que pertence. Por outro lado, as atitudes revelam a impotência para alterar a situação vivida, bem como um certo conformismo e resignação, não obstante a esperança inicial depositada no general Gomes Freire de Andrade. Exemplo deste estado de espírito é o início paralelo dos dois actos da peça, em que nos surge um Manuel interrogando-se: «Que posso eu fazer? Sim, que posso eu fazer?».
Logo no início da peça, concretamente no seu monólogo inicial, Manuel denuncia o sacrifício do orgulho nacional, vítima das invasões francesas, da opressão dos militares ingleses e da ausência do rei no Brasil, fugido precisamente em resultado daquelas.
Após a prisão do general, fica profundamente desalentado, compartilhando da falta de ânimo popular perante aquele ambiente de repressão e medo, aparente insuperável.

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