quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Complemento indirecto

     O complemento indirecto é um grupo preposicional (geralmente introduzido pela preposição a) seleccionado pelo verbo:
                                        . O João telefonou à mãe.

     O complemento indirecto pode ser substituído pela forma dativa do pronome pessoal de terceira pessoa lhe / lhes:
               . O João telefonou à mãe.. O João telefonou-lhe.
               . A pergunta tola não dês resposta.. Não lhe dês resposta.
               . Ofereci flores à minha namorada.. Ofereci-lhe flores.

     É de notar que apenas estas formas de terceira pessoa (lhe / lhes) desempenham sempre a função de complemento indirecto, visto que as formas de primeira e de segunda pessoa (me, te, nos, vos) podem também desempenhar a função de complemento directo:
               . Dá-me a prenda. → complemento indirecto
               . O Antunes viu-me nu na praia. → complemento directo

     Quando as referidas formas pronominais (me, te, nos, vos) desempenham a função de complemento directo, podemos confirmar esse facto transformando as frases activas em que ocorrem em passivas. Neste caso, os pronomes assumem as formas eu, tu, nós, vós (vocês). Vejamos os seguintes exemplos:
               . O Antunes espancou-me.. Eu fui espancado pelo Antunes.
               . O Antunes viu-te nu na praia.. Tu foste visto nu, na praia, pelo Antunes.
     Tal não é possível com as formas lhe / lhes:
               . Eu ofereci-lhe flores.. Flores foram-lhe oferecidas por mim.

     Em determinadas circunstâncias, a mesma expressão pode desempenhar, simultaneamente, as funções sintácticas de complemento directo e de complemento indirecto:
               . O Ernesto ofereceu flores (c. directo) à Miquelina (c. indirecto).
  • a palavra flores (c. directo) pode ser substituída pelo pronome pessoal as:
               . O Ernesto ofereceu-as à Miquelina.
  • por sua vez, a expressão à Miquelina pode ser substituída pelo pronome pessoal lhe:
               . O Ernesto ofereceu-lhe flores.

     Procedendo às duas substituições em simultâneo e contraindo os dois promomes (lhe + as), obteremos a seguinte frase:
               . O Ernesto ofereceu-lhas [lhe (à Miquelina) + as (flores)].

     A partir da observação destes dados, concluímos que lhas, o resultado da contracção do pronome pessoal lhe com o pronome pessoal as, desempenha a função sintáctica de complemento directo e indirecto.


     Sempre que existam dúvidas acerca da correcta identificação do complemento indirecto, existe um TESTE (além da sua substituição pelo pronome pessoal lhe / lhes) que permite o seu esclarecimento. Esse teste consiste em perguntar ao verbo a quem ou a quê:

               . O Ernesto ofereceu flores à Miquelina.
               » Ofereceu flores a quem? Resposta: à Miquelina. → complemento indirecto

               . O João telefonou à mãe.
               » Telefonou a quem? Resposta: à mãe. → complemento indirecto

               . A pergunta tola não dês resposta.
               » Não dês resposta a quê? Resposta: a pergunta tola. → complemento indirecto


     É cada vez mais frequente ouvir (em conversas de amigos, familiares, nos corredores ou nas salas de aulas...) frases em que a forma dativa do pronome pessoal (lhe / lhes) é utilizada enquanto complemento directo:
           . *Encontrei-lhe no XP.

     Ora, a forma correcta é a seguinte:
           . Encontrei-o no XP.


     Em suma, podemos concluir que:

          a) O complemento indirecto (CI) é seleccionado pelo verbo.

          b) O CI faz parte do predicado.

          c) O CI é um grupo preposicional, iniciando-se frequentemente pela preposição a.

          d) O CI pode ser substituído pelo pronome pessoal lhe / lhes.

1 comentário:

Anónimo disse...

Só é pena as frases exemplo serem de mau gosto!